Transformar plástico em energia: solução para acabar com o lixo nos oceanos?

siri com plástico na areia
Se não agirmos, em 2050, poderá haver mais plástico do que peixes em nossos oceanos. A previsão catastrófica é do estudo The New Plastics Economy -Rethinking the future of plastics, divulgado durante o último Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro, na Suíça. A cada ano, a produção de plástico aumenta no mundo. Em 1964, eram 15 milhões de toneladas, em 2014, este número pulou para 311 milhões de toneladas. Estima-se que 5 trilhões de partículas plásticas estejam boiando pelas águas do planeta.

No ano passado, uma equipe de seis pesquisadores internacionais participou da expedição Race for Water Odyssey. O projeto começou na cidade de Bordeaux, na França, e durante 300 dias, pesquisadores navegaram pelos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Foram 17 paradas, e em cada uma delas, recolhidas amostras de resíduos plásticos e organizadas atividades com comunidades locais para alertar sobre o grave problema ambiental. Divulgamos aqui, no Conexão Planeta, quando o barco aportou no Rio de Janeiro.

Todo o material plástico coletado foi enviado para ser analisado por três centros acadêmicos: Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, Universidade de Bordeaux e Escola de Engenharia e Arquitetura de Friboug. No meio do ano, será dado parecer científico sobre o levantamento. Mas já se sabe que resíduos plásticos grandes (maiores que 2,5 cm) e muito pequenos (com menos de 5 mm) estão espalhados por todos os cantos dos oceanos. Pior ainda, sendo mastigados e engolidos por animais marinhos.

Tranformação do plástico em energia

Na semana passada, a Race for Water Foundation lançou uma exposição, em Lausanne, com fotos da viagem, e também anunciou a segunda fase do projeto: um estudo apontando a solução para gradualmente, dar um basta ao descarte de plástico nos oceanos.

Para os pesquisadores, parece irreal pensar numa limpeza em grande escala que conseguisse retirar da água todo  plástico. “Grande parte dos resíduos está embaixo d’água”, explica Marco Simeoni, presidente da Race For Water Foundation. “Não conseguiremos coletar micropartículas de plástico presas ao fundo do mar e aquelas levadas pelas correntes. Há ainda as ilhas de resíduos (gyres), onde a profundidade é muito grande. Não é possível ancorar uma máquina nelas. O custo seria altíssimo e com resultados pouco expressivos”.

Segundo os cientistas, é preciso pensar daqui para frente. Para tal, a fundação está desenvolvendo projeto piloto que dá valor ao plástico, através da transformação do mesmo em energia. Em parceria com uma empresa, que ainda não teve o nome revelado, a entidade está desenvolvendo uma nova tecnologia. Em temperaturas altíssimas, os resíduos plásticos são transformados em gás sintético, conhecido como syngas, que pode ser utilizado para gerar eletricidade em turbinas. O processo não emite substâncias tóxicas.

cadeia produtiva para transformar plástico em energia

Atualmente a empresa está finalizando um protótipo, que deve entrar em funcionamento ainda este ano. A ideia é que a tecnologia seja implementada em ilhas e cidades costeiras. O custo do projeto, entretanto, ainda é bastante alto. “Precisamos mobilizar pessoas, aumentar a conscientização e mudar comportamentos, mas esta não é uma missão fácil”, admitiu ao site Swissinfo. “Estamos tentando conseguir patrocínio e doações”.

Assista abaixo ao vídeo produzido no Havaí durante a expedição Race for Water Odyssey:


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Foto: divulgação Race for Water Foundation

4 comentários em “Transformar plástico em energia: solução para acabar com o lixo nos oceanos?

  • 28 de abril de 2019 em 1:11 PM
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    VAMOS TRANSFORMAR O PLÁSTICO LANÇADO NA NATUREZA EM OUTROS PRODUTOS QUE SOLUCIONEM NECESSIDADES DA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA, TRANSFORMANDO EM MORADIAS .CASA TOTALMENTE DE PLÁSTICO E COM TODA A MOBÍLIA HIDRÁULICA E ELÉTRICA A BAIXO CUSTO.
    Como fazer, através de peças inteiras de tamanho padrão já para ser montada na estrutura e fixada as paredes, portas e janelas conforme já existe em outros materiais.
    Também já pode vir com as cores desejadas de cada consumidor, isto já existe, é só produzir fabricando em grande escala para baixar custo e assim podendo gerar milhões de empregos nesta atividade da coleta ,através de associações e cooperativas, setor industrial produzindo todos estes elementos necessários para a fabricação, montagem e logística de distribuição e venda, com financiamentos a baixo custo para atender as pessoas de menor renda ate 2 salários mínimos e acabar com a falta de moradia no BRASIL E EM OUTROS PAÍSES.
    Começando por planos de governo em criar áreas para se criar bairros com toda a infraestrutura necessária para a população, terrenos em locais apropriados que evitem alagamentos e atinjam a natureza, com coleta de esgoto e água tratada, destino do lixo, financiamento das obras com linha de créditos especifico para este fim, cadastro de pessoas interessadas na compra da casa própria, transporte para estas pessoas,comercio que se pode formar já para o bairro ter vida própria nestes locais, sem necessidade de se locomoverem, como é cada cidade que nasce.
    Se aproveitando os próprios moradores para a mão de obra e cursos para que se possam através destas pessoas já gerar emprego e renda no inicio e até o final das obras e dar formação de um novo bairro com vida própria.
    É SÓ NECESSÁRIO OS POLÍTICOS E O GOVERNO PENSAREM NOS PROBLEMAS E NO MEIO AMBIENTE E NO QUE O LIXO E A POLUIÇÃO ESTÁ CAUSANDO JÁ NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES,.
    A NATUREZA NÃO PERDOA, ELIMINA OBSTÁCULOS QUE CAUSAM A SUA FORMAÇÃO. SOFRE, MAS LEVA TEMPO MAS CONSEGUE SOBREVIVER, A VIDA DE TODOS QUE ESTÃO NESTE AMBIENTE SERÁ SACRIFICADAS ATINGINDO O HOMEM ATÉ TODA A SUA BIO DIVERSIDADE.
    Que poderá ser um novo inicio de tudo para recuperar o que foi desprezado pelas raças que habitam este planeta.

    Resposta
    • 1 de fevereiro de 2020 em 2:59 PM
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      PARABÉNS Tagliari???

      Seu Comentário é Perfeito!!

      Resposta

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.