Em janeiro deste ano, o russo Kyrill Sergeevich Kravchenko, de 35 anos, foi flagrado no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, São Paulo, ao tentar embarcar para São Petersburgo, Rússia, com mais de 100 animais silvestres vivos entre lagartos, cobras, baratas, sapos, aranhas e peixes, acondicionados em garrafas e vasilhas de plástico. Parte das espécies era da região do Parque Nacional da Serra Geral, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, onde o traficante esteve antes de ser detido.
Kravchenko é “um conhecido traficante” e vinha sendo monitorado pelo Ibama e pela Receita Federal desde 2017, quando já coletava animais da fauna brasileira para vendê-los na Rússia e foi preso em Amsterdam, na Holanda, como contamos aqui.
Na época, me chamou a atenção o fato de a maioria dos veículos de imprensa o chamar de biólogo – “biólogo é flagrado traficando animais silvestres” – , o que deprecia a profissão e revoltou muita gente. Ele é formado em biologia, sim, mas, na verdade, sempre usou seus conhecimentos não para exercer a profissão e, sim, dar respaldo à sua verdadeira atividade: traficar animais silvestres da nossa fauna.
Kravchenko é um traficante internacional de animais silvestres, que fazia parte de uma organização criminosa. Em janeiro, o caso foi registrado pela Polícia Federal, que deu início às investigações e reteve seu passaporte, mas o soltou. E ele não se intimidou.
Cinco meses depois, na madrugada de 18 de junho, deu azar! Ele foi detido novamente, desta vez em Seropédica, Rio de Janeiro, porque a Polícia Rodoviária Federal parou o ônibus no qual viajava com destino a Foz do Iguaçu, no Paraná. Foi na altura do km 207 da na Rodovia Presidente Dutra ou BR-116.
Ao revistar sua bagagem de mão, encontraram 320 animais vivos, entre eles lagartos, insetos, aranhas, besouros e sapos. Kravchenko portava passaporte falso e confessou que levaria os animais para a Rússia para pesquisa.
Na época, a ocorrência foi enquadrada na Lei de Crimes Ambientais e o russo encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá, região portuária. Os animais foram entregues para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Ibama, em Seropédica.
Em 3 de dezembro, a sentença saiu, finalmente! A juíza federal Ana Emilia Rodrigues Aires, da 1ª Vara Federal de Guarulhos, condenou Kravchenko a 11 anos de prisão, inicialmente cumpridos em regime fechado.
“Como bem ressaltou o Ministério Público Federal, ele era responsável pela captura, transporte, contatos com outros membros que estavam encarregados da divulgação de venda em redes sociais e arregimentação de compradores. A grande quantidade de animais capturados, as viagens a outros países, as tratativas desveladas pelas análises periciais no aparelho celular do denunciado demonstram a existência de um grupo organizado para a prática dos crimes de venda ilegal de animais”, declarou a juíza na leitura de sua sentença.
“Dessa forma, tenho como plenamente demonstrado que Kirill Sergeevich Kravchenko era uma peça central e chave na organização criminosa para o tráfico internacional de animais silvestres tendo se associado a inúmeras pessoas para consecução desse objetivo”.
Com informações do site Fauna News
Foto: Divulgação/Polícia Federal
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