Todo dia é das árvores

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Acordei cedo e abri as janelas. Pude observar o horizonte, muita natureza, um lindo nascer do sol. Inúmeras espécies de árvores diferentes em seus formatos de copa, desenho de folhas, tons de verde. Ainda tinham aquelas floridas e coloridas que com o raiar da luz da manhã ganhavam vibração de cor mais bela. Escutava o canto das aves, muitos tipos diferentes, enxergava até mesmo o movimento de uma família de macacos por entre as copas.

Com a xícara de café nas mãos, saboreava com todos os sentidos e muita satisfação. Sabia que a produção desse café é responsável, cultivado em harmonia com a floresta. Se beneficiando da riqueza de qualidade de solo que somente a floresta oferece.

Fui caminhando para o trabalho, apreciando a natureza do bairro de perto. Borboletas voavam de um canteiro florido para outro, crianças cuidavam com suas turmas de escola dos pequenos lotes de jardim produtivo e horta comunitária. Calçadas largas e ruas arborizadas, muitos caminhos com a copa das árvores se encontrando e se tocando criando bonitos padrões de sombreado no chão.

Observei uma celebração de um grupo de pessoas ao longe, em uma biblioteca, que fica no mesmo quarteirão do museu, pessoas mais velhas e crianças se uniam com alegria para realizar o plantio de árvores – ainda pequenas mudinhas –  as mais jovens moradoras do novo jardim inaugurado no local do antigo estacionamento.

Mais adiante pude ver os comerciantes regando as pequenas mudas nativas plantadas no novo calçadão inaugurado em uma das ruas mais antigas do centro da cidade. Esse momento da rega era também feliz! Clientes e lojistas lembravam com alegria do dia do plantio, esperando com paciência e carinho o desenvolvimento pleno de cada uma dessas queridas árvores nativas que contavam a história ambiental da região.

Na nossa cidade, as árvores foram todas plantadas nos locais definitivos desde pequenas mudas com pouco mais de 40 cm de altura. Todos sabem o valor das árvores para a vida. Todos se sentem responsáveis por cuidar com enorme sentimento de agradecimento e consciência da importância de cada uma delas para todos seres, para a cidade, para o país.

Afinal, somos o país que tem o nome de uma árvore. Escolhemos esse nome, pois a florada amarela do pau-brasil na primavera, sempre compôs lindamente a paisagem com o verde brilhante da mata de maneira apaixonante. Preservamos todas essas árvores, honramos e cuidamos da maior parte do território de nossas florestas e dos nossos mais diferentes biomas. Somos um povo orgulhoso da nossa identidade ambiental. Temos em nossa essência de vida o meio ambiente e somos gigantes por nossa natureza.

Aqui a legislação tem a natureza, o solo, os rios, as montanhas, os animais e todas as árvores como sujeitos de direito. A sociedade, em todas as cidades do país, atuam voluntariamente cuidando de todas as árvores. Fazem cursos para identificar as espécies, para aprender a coletar e armazenar sementes, germinar, plantar, realizar cuidados com a saúde de cada árvore. São grupos espalhados em todos os cantos do país, que se dedicam e se organizam em competições saudáveis que medem quantas árvores foram plantadas, salvas, curadas e cuidadas ao longo de cada estação. Uma atividade incrível que mobiliza todas as idades, famílias e moradores de cada região.

Essa época do ano é linda e sublime, a chegada da primavera renova os sorrisos e é a época que mais ações dos programas de cuidado com a natureza acontecem em todo o território nacional. Essa cultura é tão forte e enraizada no povo que a notícia dos eventos e encontros tem destaque internacional na mídia como modelo para outras nações.

De repente, no caminhar por meio ao bosque, um barulho alto e estridente arde meus ouvidos. Acordo repentinamente do meu sonho. Estou no centro, da maior cidade do Brasil. Todos os dias acredito que os sonhos podem se tornar realidade. Que todos os dias seja o dia das árvores e que, na primavera, todos encontrem e germinem a semente de amor pela natureza.

Foto: Aline Arruda/Criança e Natureza

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Juliana Gatti

Mestranda na área de Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, sua pesquisa dedica-se a avaliar a influência da natureza na qualidade de vida de crianças e sociedade. Idealizou o Instituto Árvores Vivas em 2006, onde promove ações de conexão com a natureza por meio de apreciação, restauração e fomento da cultura ambiental.