Tijolo feito com plástico reciclado torna construção mais sustentável

A construção civil é uma das atividades humanas apontadas como uma das principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa na atmosfera da Terra. O setor não somente consome um volume enorme de recursos naturais e energia, como gera uma quantidade ainda maior de resíduos.

Então, qualquer novidade mais sustentável na área da construção é sempre bem-vinda. Um exemplo é o tijolo feito de plástico reciclado. Mais barata e leve, a inovação foi desenvolvida pela indústria italiana Presanella Building System.

Fabricado com resíduos plásticos que teriam como destino aterros sanitários, lixões e até, oceanos, o produto é utilizado em projetos arquitetônicos para construção de casas, sejam populares ou de alto padrão. De acordo com a empresa, o material permite que a construção seja realizada em um período de tempo mais curto, além de ter seus custos reduzidos, garantindo assim mais economia e agilidade às obras.

Para o projeto de uma casa de 80 m2, por exemplo, a fabricante recicla cerca de  2.500 kg de resíduos plásticos.

Além dos tijolos, a nova tecnologia produz ainda outros componentes usados na construção, como cofragens (moldes de madeira para moldagem e solidificação de concreto), peças e vigas para sustentação do telhado.

O tijolo de plástico, que chega agora ao mercado brasileiro, é fabricado no Paraguai, que fornece o produto para toda América Latina. “Começamos a construção de duas casas modelo em um grande loteamento em Maceió”, diz Michele Manzoni, diretor executivo da Presanella Building System.

O produto não é comercializado avulso, somente como parte do projeto completo. A empresa explica que o tijolo plástico dá forma à casa, assim como os materiais de alvenaria comum, e a fundação e as paredes são compostas por cimento, isopor e água. Todavia, um cimento especial aumenta o isolamento acústico e térmico da construção, o que contribui para redução das despesas de energia para o aquecimento.

Outras vantagens são que, como o tijolo é bem mais leve, há redução dos volumes e peso de embalagens; maior facilidade no transporte e armazenamento de materiais; uso limitado de concreto e armação de ferro nas fundações e, por último, menor necessidade de utilização de maquinários. E um ponto importantíssimo, menor risco de acidentes com trabalhadores.

Casa sendo construída com o tijolo de resíduos plásticos

Em países como Itália, Emirados Árabes, Arábia Saudita, África do Sul, Senegal e Costa do Marfim, o tijolo plástico já é usado para a construção de casas populares.

Em agosto do ano passado, também mostramos aqui, no Conexão Planeta, o produto criado pela startup americana ByFusion, que desenvolveu uma tecnologia semelhante, que possibilita a compactação do lixo plástico em tijolos modulares, chamados de RePlasts. Além de duráveis, garantem os inventores, os blocos não precisam ser “colados” uns aos outros, funcionam como se fosse uma peça de Lego. Com isto, o bloco sustentável dispensa o uso de cimento, que para ser produzido consome uma quantidade absurda de energia, emitindo consequentemente um volume imenso de dióxido de carbono na atmosfera (o CO2, principal responsável pelo aquecimento global).

Confira abaixo o vídeo que mostra a construção de uma casa com tijolos de plástico reciclado:

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Fotos: divulgação

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.