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“SOS Brasil: ataques à ciência” é título de artigo na Lancet, uma das mais respeitadas revistas médicas do mundo

"SOS Brasil: ataques à ciência" é título de artigo na Lancet, uma das mais respeitadas revistas médicas do mundo

Os brasileiros representam 2,7% da população global. Apesar disso, as mortes devido à COVID-19 no país já são responsáveis por mais de 10% dos óbitos globais. Até o domingo (24/01), 2,1 milhão de pessoas foram vítimas da pandemia do novo coronavírus no mundo, 217 mil delas no Brasil. Segundo levantamento realizado pela Johns Hopkins University, dos Estados Unidos, até este momento, nosso país é o segundo nos números de mortes e o terceiro em casos positivos.

Infelizmente, o Brasil não está enfrentando apenas um vírus letal e extremamente contagioso, mas também, um ataque à ciência e a seus pesquisadores. Desde o início da pandemia o presidente Jair Bolsonaro menosprezou o coronavírus e sua gravidade. Ele duvidou da eficácia do uso de máscaras de proteção e do distanciamento social e também, mais recentemente, da necessidade urgente da vacinação em massa.

Na sexta-feira (22/01), uma das mais antigas (fundada em 1823) e respeitadas revistas científicas do mundo, com foco na medicina, a Lancet, divulgou um artigo de opinião sobre o Brasil. O autor é o epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), coordenador do Epicovid, referência no mapeamento do avanço da doença em todo o país, e considerado um dos maiores especialistas sobre a pandemia no Brasil.

“O Brasil é o segundo país com mais mortes por COVID-19 e o terceiro com mais casos ao redor do mundo. Como cientista, eu costumo não acreditar em coincidências. Em março de 2020, o Presidente Jair Bolsonaro se referiu a COVID-19 como uma “gripezinha”. Em abril de 2020, ele declarou que havia sinais de que a pandemia estava acabando. Um mês depois, quando questionado por jornalistas sobre o aumento de casos de COVID-19 no Brasil, Bolsonaro respondeu “E daí? O que queres que eu faça?”, escreve Hallal. “Mais recentemente, Bolsonaro foi, que tenha chegado ao meu conhecimento, o único chefe de estado do mundo a dizer que não tomará vacina. Ele inclusive desestimulou a população a se vacinar, ao dizer: “Se você virar um jacaré, é problema seu”.

Em um texto curto, direto e com amplas referências e fontes, o pesquisador brasileiro demonstra toda sua frustração, desespero e revolta perante o completo descaso com a ciência no Brasil atual.

“Desde o início do mandato de Bolsonaro em 2019, a ciência vem sendo atacada com cortes de verbas e negacionismo. O Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, foi exonerado do cargo após apresentar e comentar dados sobre desmatamento. Os ex-ministros da saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich discordaram publicamente de Bolsonaro ao defenderem as recomendações da ciência para
o enfrentamento da COVID-19″, relata.

O médico descreve ainda como foi atacado pessoalmente depois que revelou que tinha sido infectado pelo coronavírus. “Em 2020, eu fui convocado para ir a Brasília três vezes, para reuniões com o ministério
da saúde. Quatro dias após a minha última visita à Brasília, em dezembro de 2020, comecei a apresentar sintomas de COVID-19. Minha infecção com o vírus SARS-CoV2 foi revelada ao público pela mídia, e fui acusado de hipocrisia e da atitude “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. No dia 11 de janeiro, durante uma entrevista de rádio, fui criticado por um deputado e por um jornalista: a razão sendo que se eu fui infectado pelo vírus SARS-CoV-2, isso significaria que eu não segui as recomendações que eu mesmo dissemino”.

Hallal afirma ainda que no dia 14 de janeiro de 2021, Bolsonaro twittou o link para o trecho específico da entrevista no rádio no qual sua doença era mencionada.

Em sua carta à Lancet, o especialista brasileiro afirma que se as medidas necessárias para o enfrentamento à pandemia tivessem sido tomadas e o negacionismo à ciência não houvesse prevalecido, menos vidas teriam sido perdidas.

“A resposta trágica do Brasil à COVID-19 tem um preço… Se o Brasil tivesse uma performance no enfrentamento da COVID-19 igual a média mundial, 56.311 pessoas teriam morrido. Contudo, até o dia 21 de janeiro de 2021, 212.893 pessoas haviam falecido. Em outras palavras, 156.582 vidas foram perdidas por causa do mau desempenho brasileiro no enfrentamento da pandemia. Atacar pesquisadores definitivamente não vai ajudar a resolver o problema”, finaliza o artigo.

Leia a carta na íntegra, em português, aqui.

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Foto: Alan Santos/PR/Fotos Públicas

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Nil
Nil
3 anos atrás

A Revista pode ser respeitável mas os artigos de opiniões que ela possui nem tanto, são bastante controversos.
Toda edição há uma chuva de outros argumentando contra muitas destas opiniões, é sempre polêmica.

Então o que esses artigos dizem são descartáveis.

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