Sorte de passarinheiro

Nesta quarentena, devido à pandemia do coronavírus, as aves se tornaram o principal assunto entre pai e filho aqui em casa. Entre eu e Benjamim. Seguidas de perto pelos jacarés (papo-amarelo, coroa, tinga, açu, do pantanal) elas acabam sempre voltando à tona quando vemos algo nas árvores ou quando ele começa mais um de seus desenhos.

Particularmente, nunca me considerei um passarinheiro. Desses que reconhecem todos os cantos e que sabem atrair as aves com comedouros ou mesmo com suas próprias vocalizações.

Mas nestes dias, sem muito tempo para me meter no mato, e sabendo da existência de várias espécies interessantes aqui, no quintal de casa, tentei me enveredar por esse universo. E tenho que confessar que o resultado não tem sido dos melhores.

Ninguém visitou ainda meu comedouro, que fiz ontem com as instruções do amigo Ricardo Leser e os chamados que tenho feito com sons baixados da internet ainda não surtiram efeito. Mas, hoje, minha sorte passarinheira parece que baixou de vez.

Da porta de vidro do corredor, quando estava levantando, já avistei um pica-pau-rei, que está no destaque deste post.

Animado com aquele encontro, deixei a câmera montada e, ainda na parte da manhã, fotografei uma corruíra, um bem-te-vi se alimentando e uma ariramba, que tinha visto poucas vezes aqui em casa. As fotos estão abaixo.

Espero que, nesta quarentena, possa melhorar minhas habilidades de passarinheiro, sem deixar de lado essa sorte que eu acho que sempre me acompanhou.

NOTA DA REDAÇÃODois dias depois que iniciou a quarentena, em 17 de março, o fotógrafo de natureza João Marcos Rosa começou a publicar uma espécie de diário fotográfico  no Facebookno qual conta sobre pequenas expedições fotográficas, que tem experimentado com seu filho, Benjamin, no quintal de casa, o pedaço de natureza ao qual se dedica neste período, já que não pode viajar.

Sem nos preocuparmos com a sequência dos posts publicados por João, selecionamos alguns desses posts para reproduzir aqui. O primeiro texto foi publicado aqui, no Conexão Planeta, em 14 de abril e mostrou as peripécias dos dois no terceiro dia de isolamento. Este é seu 28o. texto e assim seguiremos: sem compromisso com o tempo, só com a beleza de suas histórias singelas.

2 comentários em “Sorte de passarinheiro

  • 8 de maio de 2020 em 8:06 PM
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    O coração tem linha direta com o olhar. Ah, se todos percebêssemos tanto que há em volta… Grandiosas incursões, João e Benjamim!

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  • 11 de maio de 2020 em 6:32 PM
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    Livres de gaiolas, aves cantarão mais felizes e não fugirão de nós, os humanos nem sempre justos e quase sempre maus para com os seres da natureza. Caçar belas imagens significa não prende-las e não mata-las, permitindo sejam livres como Deus as criou, com o mesmo direito nosso de viver e respirar sem medo. Parabéns.

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João Marcos Rosa

Formado em jornalismo, o fotógrafo João Marcos Rosa se especializou em registrar temas ligados à vida selvagem e à conservação, trabalhos que o levaram a correr o mundo atrás de boas e fascinantes histórias. Colabora com as revistas National Geographic Brasil, BBC Wildlife, GEO e Terra Mater. Autor dos livros “Harpia” e “Fauna de Carajás”, vive em Nova Lima (MG) e é um dos sócios da agência Nitro Imagens.