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Sonia Guajajara assume Delegação Brasileira na COP28 e é a primeira liderança indígena que representa o país numa cúpula climática da ONU

Sonia Guajajara assume a Delegação Brasileira na COP28: é a primeira liderança indígena que representa o país numa cúpula climática da ONU

“Queria contar meu caminho na COP, desde 2019, quando participei pela primeira vez [em Madri]. Não passávamos de cinco representantes indígenas brasileiros. Hoje, estou aqui [na COP 28 – Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU], em Dubai, honrosamente assumindo como Chefe da Delegação Brasileira participando dos espaços de negociação diretamente”, declarou Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, hoje (3/12), em suas redes sociais.

E continuou: “Daqui a pouco, falaremos sobre a transição justa. Muitos debates intensos, importantes e necessários para pra gente conter esta crise climática. Essa responsabilidade precisa ser compartilhada por todos os governantes do mundo, pela sociedade civil, por todas as pessoas pra gente garantir não só o futuro, mas também o nosso presente”.

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente Marina Silva, viajou para a Alemanha com o presidente Lula, para compromissos oficiais e, durante sua ausência, Sonia representará o Brasil nas negociações da cúpula do clima da ONU.

Esta é a primeira vez que uma liderança indígena assume essa responsabilidade no principal evento climático do mundo. Trata-se de um sonho e de uma reivindicação do movimento indígena representado pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) – que, este ano, participa da cúpula do clima com a maior delegação indígena brasileira da história.

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Há anos a APIB (liderada por Sonia de 2013 até o ano passado, quando foi eleita deputada federal) declara ao Brasil e ao mundo que, sem os povos indígenas, não é possível combater a crise climática. E sempre questionaram o motivo pelo qual nenhuma liderança era convidada para participar das mesas de negociação.

Por isso, o protagonismo de Sonia – principalmente neste primeiro ano da criação do Ministério dos Povos Indígenas e, agora, na COP28 -, é uma grande vitória para o Brasil e para o mundo, que precisa deles para obter êxito nas ações de combate às alterações climáticas.

“Desejo uma boa viagem e um bom trabalho para a amiga Marina Silva na Alemanha. Por aqui, seguiremos com muita responsabilidade a condução brasileira”.

Transição justa e créditos de carbono

Na mesa de negociação sobre Transição Justa, Sonia iniciou sua fala lembrando que “ao passar o discurso para Marina Silva o presidente Lula disse que o faria para que a floresta falasse” (foi ontem e contamos aqui). “Hoje, com apoio de Marina e do Ministério das Relações Exteriores, venho dar sequência a esta fala”, declarou.

“Estamos, de fato, em uma COP decisiva. A COP que busca avançar em compromissos mais robustos que os de Paris para evitarmos ultrapassar 1,5ºC de temperatura. A COP que busca uma meta global de adaptação, que celebra o Fundo de Perdas e Danos, que se aproxima de um grande acordo para a triplicação das energias sustentáveis e que organiza a primeira mesa de alto nível sobre a transição justa”.

A ministra continuou dizendo que, hoje, “o Brasil celebra este momento. Convido os demais pai1es a ousarem neste processo para que todos sejam incluídos e isto só sera feito se tivermos um mandato ousado e criarmos um programa permanente para o tema de transição justa”.

Em outro momento, ela destacou que “as mudanças climáticas já são uma realidade. Seus impactos sao reais e afetam de maneira desigual regiões, países e pessoas. Esta é a base de um conceito importante, forjado nos últimos anos – o racismo ambiental -, que precisa ser ainda mais incorporado neste debate”.

“Os próprios indigenas constantemente ameaçados de perder seus territórios e suas conexões sagradas, permeadas pelo conhecimento tradicional, estão entre os principais grupos vitimados. Populações negras, comunidades locais, mulheres, jovens e crianças, e as camadas mais pobres dos países estão tambem entre as mais impactadas”.

E completou: “Os objetivos desta mesa seguem esta linha ousada. Uma transição justa é aquela que busca mitigar os impactos da transição para uma economia de baixo carbono” (assista aos vídeos no post do perfil do Instagram de Sonia Guajajara, que indicamos no final deste post).

Hoje, também, a ministra participou de painel sobre crédito de carbono, com parlamentares brasileiros, entre eles a deputada federal indígena Célia Xakriabá, que liderou a iniciativa.

“Falei sobre a urgência dos países se comprometerem com metas ousadas em relação ao clima. Se não houver uma mudança de postura dos governos, vamos chegar em um ponto realmente irreversível”.

Ela ainda comentou que participou do lançamento internacional da Bancada Pelo Planeta, “que busca envolver parlamentares do mundo todo nas políticas de proteção ambiental”. 

Demarcação e desintrusão de terras indígenas

Segundo a Mídia Ninja, em reunião ontem no Action Lab Al Shaheen, Lula afirmou que o Brasil será líder nas ações de combate às mudanças climáticas no mundo, exercendo o papel de destaque durante reuniões internacionais como a COP.

O presidente ainda destacou a importância do comprometimento da sociedade brasileira na elaboração de propostas e abordou o risco da queda do veto presidencial ao ‘marco temporal’ pelo Congresso Nacional.

Já a ministra Sonia Guajajara abordou os desafios da pauta climática, ressaltando a necessidade de medidas efetivas para conter o desmatamento e promover a transição energética diante do ano mais quente registrado em 2023.

Ela também destacou a importância da demarcação e desintrusão de terras indígenas como ações efetivas para alcançar a meta de desmatamento zero em 2030, enfatizando o compromisso do Brasil na COP 30, que será realizada em Belém, no Pará, em 2025.

 
 
 
 
 
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Foto: Léo Otero/MPI

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