Sexta extinção em massa está mais acelerada do que se pensava: mais de 500 espécies devem desaparecer em 20 anos

Sexta extinção em massa está mais acelerada do que se pensava: mais de 500 espécies devem desaparecer em 20 anos

Todos os anos, milhares de plantas, insetos, aves, mamíferos, répteis e anfíbios morrem. Simplesmente deixam de existir. De acordo com historiadores, a Terra já passou por cinco grandes períodos de extinção. No último deles, o choque de um meteoro gigante teria provocado a morte dos dinossauros.

Cientistas já consideram o que está acontecendo nos dias de hoje como uma nova onda de extinção em massa. E um novo estudo divulgado por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirma que essa extinção está em um ritmo mais acelerado do que se pensava anteriormente.

Em 2015, o biólogo Paul Ehrlich foi um dos co-autores de um artigo que apontava a ocorrência da nova era de extinção de espécies no planeta. Agora, cinco anos mais tarde, o pesquisador, em parceria com colegas de outros países, revela que mais de 500 espécies de animais terrestres podem deixar de existir nas próximas duas décadas, praticamente a mesma quantidade perdida durante o último século inteiro.

Através de dados como abundância e distribuição dos animais, o levantamento indicou que há 515 espécies de vertebrados terrestres que possuem uma população com menos de 1 mil indivíduos. Desses pouco mais de 500, 50% deles estão em risco ainda maior: existem menos de 250 indivíduos restantes.

A maioria dessas espécies ameaçadas vive em regiões tropicais e subtropicais. É o caso da rã-arlequim (Atelopus varius), da Costa Rica e do Panamá, que foi praticamente dizimada por um fungo invasor vindo da Ásia.

Outro exemplo é o rinoceronte de Sumatra (Dicerorhinus sumatrensis), que parece na imagem que abre este post. Caçado por causa de seu chifre, atualmente estima-se que sejam aproximadamente apenas 80 na vida selvagem.

Sexta extinção em massa está mais acelerada do que se pensava: mais de 500 espécies devem desaparecer em 20 anos

A rã-arlequim

Com populações menores, essas espécies são incapazes de desempenhar suas funções em um ecossistema e pode provocar um efeito dominó em outras espécies.

“Quando a humanidade extermina populações e espécies de outras criaturas, está cortando o membro em que está sentada, destruindo partes do nosso próprio sistema de suporte à vida”, alerta Ehrlich. “A conservação de espécies ameaçadas de extinção deve ser elevada a uma emergência nacional e global para governos e instituições, igual à perturbação climática à qual está ligada”.

O cientista e seus colegas ressaltam que as principais causas dessa extinção sem precedentes, em termos de rapidez, são a expansão de áreas urbanas, a destruição de habitats, o tráfico de animais silvestres, a poluição e as mudanças climáticas.

“O que fazemos para lidar com a atual crise de extinção definirá o destino de milhões de espécies”, afirma Gerardo Ceballos, pesquisador sênior do Instituto de Ecologia da Universidade Nacional Autônoma do México. “Temos uma última oportunidade de garantir que os muitos serviços que a natureza nos fornece não sejam sabotados irremediavelmente”.

Os autores do estudo pedem que todas as espécies com populações com menos de 5 mil indivíduos sejam consideradas como ‘criticamente ameaçadas’ pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que avalia as condições de sobrevivência de milhares de espécies de animais e plantas no planeta.

Novas ameaças à saúde humana

Os cientistas envolvidos na pesquisa também fazem outro apelo: um basta urgente ao tráfico de animais silvestres.

A proposta é de um acordo global para proibir o comércio de espécies selvagens. “A captura ou a caça ilegal de animais selvagens para alimentação, animais de estimação e medicamentos é uma ameaça contínua fundamental, não apenas para as espécies à beira da extinção, mas também para a saúde humana, como aconteceu com a COVID-19”, destacam os pesquisadores.

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Fotos: reprodução Stanford News/Rhett Buttler/Mongabay (rinoceronte) e Gerardo Ceballos (rã-arlequim)

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.