Sempre que lemos alguma reportagem sobre criança e natureza ou quando publicamos convites para nossos encontros, nas redes sociais, nos chama a atenção a quantidade de comentários do tipo “Quando meu filho crescer levarei!” ou “Ele ainda é muito novo”. Percebemos uma resistência de muitos pais a estar em ambientes naturais com bebês e crianças bem pequenas.
Acreditamos que a criança é a natureza sendo humanizada. Nesses primeiros anos, permitir que ela esteja em contato com a natureza é permitir que ela esteja em seu habitat natural. O bebê quando nasce tem seus sentidos bastante apurados para receber toda informação sobre o mundo, aprender e desenvolver-se.
E muito se engana quem acredita que, para estar em contato com a natureza, é preciso estar em uma trilha, numa mata fechada ou em alguma área de preservação. Claro, que estes ambientes propiciam experiências bastante significativas para todos: adultos e crianças. Existem muitos parques e praças, mas, muitas vezes, uma volta no quarteirão pode trazer muitas experiências. Mas, agora, vamos falar dos bem pequenos.
Algumas atitudes na rotina dos bebês podem fazer toda a diferença. A primeira dica é pensar em como o bebê explora o mundo e faz suas descobertas. Todos os sentidos estão atentos a tudo que os cerca, sentindo e experimentando. Sob esta ótica, estar em espaços naturais é um prato cheio de informações que chegam ao bebê de maneira sensível e num ritmo que respeita seu desenvolvimento. Os bebês e os seres não humanos têm o mesmo ritmo.
Então, quando sair de casa com o bebê, prefira deixar a visão dele livre. Algumas famílias colocam brinquedos pendurados no carrinho, mas isso não é bom. Isso faz com que o foco do olhar dos bebês permaneça a curta distância. Assim, ele deixa de manter o foco em seu corpo e no mundo.
Em um dos nossos encontros, um pai conduzia um bebê no carrinho enquanto passeávamos pelo parque. Ele deixou o carrinho aberto e retirou os adereços dele. No final da atividade, o pai relatou que ficou encantado com o olhar do bebê percebendo a altura das árvores, as folhas se movimentando com o vento e toda a dança da vida à sua volta . E mais, ele ficou admirado pois não havia reparado nessas qualidades de seu filho. A partir daí, entendeu que desacelerar o passo e fazer pequenas pausas no percurso são gestos ricos de aprendizado.
Outra dica é trocar os brinquedos de plástico por elementos da natureza ou objetos feitos com material natural. Muitas vezes estes objetos naturais não estão classificados como brinquedos e muitos pais e educadores nem imaginam o potencial que eles têm para as crianças descobrirem o mundo por meio das cores, texturas, temperaturas, formas, aromas.
Podemos (e iremos) falar muito mais sobre os bebês, aqui. Por hoje, queremos apenas que vocês percebam que não há idade mínima para brincar com a natureza.
Foto: Renata Stort