Semana Mundial da Amamentação encoraja mães a amamentar sempre e em qualquer lugar

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Amamentar é um ato de amor que a toda mãe pode dar ao filho e que ele levará como um presente para o resto da vida. Este vínculo emocional ligará para sempre mãe e filho. O leite materno é a primeira e mais importante vacina da criança, e além disso, possui todos os nutrientes necessários para o crescimento saudável do nenê.

Celebrada todo ano nos primeiros dias de agosto, a Semana Mundial da Amamentação é realizada mundialmente para lembrar a importância de alimentar bebês exclusivamente com leite materno durante os seis primeiros meses de vida.

Este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu promover uma campanha que pede o apoio de toda sociedade para estimular a amamentação e fazer com que mães possam alimentar seus filhos a qualquer hora, em qualquer lugar.

Segundo a OMS, se todo bebê recebesse exclusivamente o leite materno e continuasse a ser amamentado até os dois anos, como complemento de outros alimentos sólidos, aproximadamente 800 mil crianças deixariam de morrer todos os anos anualmente. O leite da mãe possui anticorpos que protegem a criança contra doenças como diarreia e pneunomia, que são justamente uma das principais causas de mortalidade infantil. Infelizmente, menos de 40% dos bebês com menos de seis meses são amamentados somente com o leite materno.

Estudos comprovam que crianças que foram amamentadas têm menor chance de se tornarem adultos obesos, menos chances de desenvolver diabetes e apresentam resultados melhores em testes de inteligência.

No Brasil, o Ministério da Saúde em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) estão promovendo a campanha “Amamentação: uma chave para o desenvolvimento sustentável”, que tem como slogan“Amamentação: faz bem para o seu filho, para você e para o planeta”. A ideia é mostrar como o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento sustentável e a redução das desigualdades sociais.

Uma das grande barreiras enfrentadas por mães para amamentar seus filhos até os seis meses é a licença-maternidade, que cobre um período de apenas quatro meses. Muitas mulheres optam então por passar a oferecer fórmulas, que não têm os anticorpos encontrados no leite materno.

Ainda hoje também, muitas mulheres se sentem constrangidas para amamentar seus bebês em locais públicos. Recentemente, a imagem da deputada gaúcha Manuella D’Ávilla, amamentando sua filha durante um debate, viralizou nas redes e foi compartilhada internacionalmente. Em sua página no Facebook, Manuella explicou porque acredita que a fotografia teve tão grande repercussão.

Por que minha foto correu o mundo? Comecei a receber dezenas e depois centenas de notificações de compartilhamentos e citações de minha foto, amamentando a pequena Laura – que hoje completa 11 meses! – na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. Sites da América Latina, Europa, Índia, Japão, Nigéria…. Fiquei reflexiva sobre os porquês dessa foto chamar tanta atenção.

Laura frequenta meu trabalho quando se faz necessário. Ela foi amamentada exclusivamente até os seis meses e eu tive quatro de licença. Ela segue mamando no peito – embora já se alimente – e é cuidada por mim e por meu marido. Quando está na Assembleia, via de regra, a amamento ou no gabinete ou no banheiro. Busco um local em que ela se sinta acolhida. Aquele dia, porém, a comissão começou a se estender por pautas trazidas por mim. Ela mamou ali. E dormiu. todas as mulheres que são mães e amamentam ou amamentaram sabem que esse gesto é natural e espontâneo! Porém, um dos fotógrafos da Assembleia (eles não creditam as fotos) teve a felicidade de bater a foto.

O que chama atenção na foto em minha opinião? Mulheres em espaço de poder, crianças em espaços de poder, vida em espaços de poder. A política é masculina e machista, a política não tem espaço para as mulheres, a política não tem espaço para o que nos diferencia dos homens, a política não tem espaço para a ingenuidade e para a alegria das crianças, não tem espaço para a naturalidade com que conciliamos nosso trabalho e nossas lutas com nossos bebês. Levar Laura comigo tornou-se, sem que eu percebesse, uma forma de resistir a política que desumaniza.

Recebi, também, críticas. deveria eu optar entre ocupar meu espaço e criar minha filha da forma que acredito (e que a organização mundial da saúde recomenda) amamentando-a? Eu deixei de concorrer a prefeita de Porto Alegre, numa eleição em que liderava todos os cenários, por julgar que nos primeiros anos minha dedicação à Laura deve ser ainda maior. Não deixei, porém, de ser militante e de lutar para transformar o mundo. Sinto, aliás, ainda mais convicção da necessidade dessa transformação após o nascimento dela. Não quero que ela viva num mundo em que ministros fazem piadas machistas, em que políticos acham que levar o filho na escola é “notícia”. Quero que ela viva num mundo em que uma mãe amamentar um filho não surpreenda. Para isso, a política precisa ser espaço de humanização e transformação”.

Parabéns, Manuella! Bacana demais! E que você continue amamentando a pequena e linda Laura quando e onde ela precisar.

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Fotos: paxye/creative commons/flickr (abertura) e reprodução facebook

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.