Caça a antas e macacos na Amazônia pode piorar aquecimento global

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Com a redução dos animais dispersores – aqueles que espalham sementes de grandes árvores – como antas e macacos, as árvores densas desaparecerão impactando a floresta amazônica e sua capacidade de absorver carbono, o principal gás de efeito estufa, causador do aquecimento global. Com isso, as mudanças climáticas podem acelerar, no longo prazo.

Esse é o resultado de estudo divulgado na semana passada, realizado por um grupo de pesquisadores brasileiros – do IPAM e da FioCruz Amazônia -, americanos e ingleses, liderado pelo biólogo brasileiro Carlos Peres, da Universidade East Anglia, e publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Para chegar à essa conclusão, eles analisaram o potencial de caçapor moradores rurais na Amazônia – de mamíferos como o macaco-barrigudo, o macaco-aranha (foto) e as antas, que comem frutas e espalham suas grandes sementes, e são muito vulneráveis aos seres humanos.

Se boa parte desses animais morrer, as grandes sementes não serão espalhadas com a frequência necessária e a floresta sofrerá alterações: grandes árvores – que têm troncos muito largos e, por isso, estocam mais carbono – serão substituídas por árvores de troncos mais finos, que absorvem menos carbono. A questão é que as árvores de maior porte dependem basicamente desses animais para perpetuar sua espécie.

Os cientistas acreditam que, com essa prática, a redução média de biomassa na Amazônia pode ser de até 5,8%, no mínimo, a 37,8%, o que resultará em quantidade considerável de carbono que não será absorvida da atmosfera: entre 3,08 a 7,36 gigatoneladas.

Como se isso não bastasse para configurar a má notícia, os pesquisadores foram além e ainda avaliaram a perda econômica com essa prática, levando em conta o Redd (mecanismo de compensação de carbono não emitido por desmatamento evitado): poderá ser de 5,9 trilhões, no mínimo, até 13,7 trilhões.

E ainda há um outro detalhe importante: a área da Amazônia que pode ser afetada pela sobrecaça é maior que a área desmatada até hoje, em 45 anos de contínua exploração.

A pesquisa revela uma questão importante – e ainda subestimada: a ligação entre a vida selvagem e as alterações do clima. Ou seja, algo precisa ser feito logo para que mais esse impacto sobre a Amazônia possa ser evitado.

Quer se aprofundar sobre a pesquisa e o método utilizado pelos cientistas? O estudo já está disponível no site do PNAS.

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Foto: Macaco-aranha na Amazônia, por carecrit/Pixabay

2 comentários em “Caça a antas e macacos na Amazônia pode piorar aquecimento global

  • 4 de fevereiro de 2016 em 2:20 PM
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    sou a favor de qualquer tipo de preservação de animais , meio ambiente , etc., mas não vamos exagerar porque fica ridículo esse tipo de argumento . Além do mais as pessoas dessas regiões em que vivem esses animais , ou estão morando perto ou na própria floresta e caçam apenas para se alimentar, porque as que moram longe , em lugares que já estão desmatadas possuem outros animais para a alimentação e não precisam se embrenharem na mata para caçar.

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.