
Com certeza há muitos biólogos fãs da trilogia “O Senhor dos Anéis”, obra do escritor britânico J. R. R. Tolkien. No ano passado, um novo gênero de borboleta descoberto na Amazônia ganhou o nome de Sauron, o mais temido vilão da Terra-Média. E agora novamente, o senhor das trevas é escolhido para batizar uma espécie recém-descrita, um pacu, encontrado nas águas da bacia do rio Xingu, na região do município de Anapu, no Pará.
Na verdade, pesquisadores brasileiros fizeram uma longa análise sobre um peixe já conhecido, o Myloplus schomburgkii, e acabaram descobrindo que havia duas outras espécies que estavam sendo erroneamente identificadas como esse tipo de pacu, entre elas, o Myloplus sauron.
“Até agora, o Myloplus schomburgkii representava a espécie mais facilmente reconhecida entre os serrasalmídeos, por apresentar uma barra preta vertical no meio do corpo. No entanto, através de uma ampla revisão taxonômica, incluindo DNA barcoding e análises morfológicas, conseguimos identificar e descrever duas novas espécies que também compartilham a barra vertical escura no flanco”, explicam os pesquisadores no artigo científico que descreve a nova espécie.
A escolha do nome Sauron se deve às características físicas da espécie, que possui uma longa faixa preta ao longo do corpo arredondado, que lembra o olho do personagem criado por Tolkien. Além disso, esse pacu apresenta barbatanas vermelhas.
“Assim que um dos meus colegas sugeriu o nome deste peixe, sabíamos que era perfeito. Seu padrão se parece muito com o Olho de Sauron, especialmente com as manchas laranja em seu corpo”, contou Rupert Collins, curador da área de peixes do Museu de História Natural de Londres e um dos autores do artigo. “Com tanta biodiversidade não descrita na Amazônia e nos rios vizinhos, seu nome também é um bom lembrete para ficar de olho nas espécies ainda desconhecidas na América do Sul.”

Acima um macho, com a leve marca vertical, comum durante o período de
reprodução, e abaixo, uma fêmea madura
Foto: MH Sabaj / Machado et al., 2024
Em 2023, uma nova espécie de sapo também homenageou Tolkien porque, segundo os pesquisadores envolvidos na descrição do Hyloscirtus tolkieni, suas cores “pareciam vir de um universo fantástico, como os das obras do escritor” (leia mais aqui).
O autor britânico, que morreu aos 81 anos, era também um filólogo, ou seja, um estudioso de textos e manuscritos antigos. Além de seu trabalho acadêmico, ele escreveu diversas histórias infantis. Entre suas mais famosas obras, estão a trilogia “O Senhor dos Anéis, “O Hobbit” e “Silmarillion”.
*Com informações adicionais e entrevista contida no texto do Natural History Museum
————————–
Agora o Conexão Planeta também tem um canal no WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Foto de abertura: Machado et al., 2024