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Rio Grande do Sul libera caça do cervo chital para controle da população da espécie, trazida da Ásia para o Uruguai e Argentina na década de 30

Rio Grande do Sul libera caça do cervo chital para controle da população da espécie, trazida da Ásia para o Uruguai e Argentina na década de 30

O chital (Axis axis) é um cervídeo nativo das florestas de países da Ásia como Índia, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh, Butão e Paquistão. Mas nos anos 1930, ele foi introduzido na Argentina e no Uruguai por ser um animal “atraente” para caçadores: possui uma galhada enorme e o corpo, de grandes proporções, é repleto de pintas brancas, ou seja, pode ser avistado com mais facilidade. Todavia, com o passar das décadas, essa espécie de cervo começou a ser observada também em território brasileiro.

Sem predadores locais por aqui, aos poucos, esses animais foram se reproduzindo. O tamanho da população ainda não é alarmante, mas por recomendação do Grupo de Assessoramento Técnico do Programa Estadual de Controle de Espécies Exóticas Invasoras do Rio Grande do Sul, o governo do estado decidiu permitir a caça do chital dentro de unidades de conservação no estado, mas apenas à pessoas que realizarem um cadastro junto à Divisão de Unidades de Conservação (DUC).

A decisão foi divulgada oficialmente através da portaria 109/2022, publicada no Diário Oficial pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura no dia 14 de junho.

O texto da portaria determina ainda que, mesmo quando o animal for encontrado em propriedades particulares, será necessário ter autorização oficial para abatê-lo, assim como acontece com o javali. Atualmente, no Brasil, somente está liberada a caça de controle a uma espécie animal exótica e invasora, o javali-europeu (Sus scrofa) e a seu híbrido, o porco-doméstico (javaporco).

Em 2009, foram registrados os primeiros chitais no Parque Estadual do Espinilho, no Rio Grande do Sul. Não se sabe se chegaram ali por terra ou pela água, já que são exímios nadadores. O macho da espécie pode pesar mais de 100 kg e ultrapassar 1 metro de altura. Hoje estima-se que vivam no parque gaúcho aproximadamente 100 indivíduos.

“Quando uma espécie exótica invade um território novo e consegue sobreviver ela passa por uma fase de adaptação. Aos poucos as populações vão se formando e os bichos se estabelecendo, o que demora certo período de tempo. Depois, gradativamente, os grupos aumentam e os animais começam a se espalhar”, explicou o pesquisador Márcio Leite de Oliveira da Universidade Estadual Paulista (UNESP) à reportagem do portal G1.

Os especialistas temem que a espécie invasora possa competir com o veado-campeiro, nativo do país, e alterar a composição vegetal e do ambiente como um todo.

Além do parque do Espinilho, o chital também já foi flagrado em áreas urbanas e praias do Rio Grande do Sul, assim como no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e em Santa Catarina.

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Foto de abertura: T. R. Shankar Raman, CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons

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