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Quase 2.500 lobistas de empresas de combustíveis fósseis estão na COP28

Quase 2.500 lobistas de empresas de combustíveis fósseis estão na COP28

A 28a Conferência das Mudanças Climáticas da ONU, a COP28, que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, era para ser um encontro de discussão e negociações entre países para tentar mitigar os efeitos da crise climática e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Como já é de conhecimento geral há décadas, a queima de combustíveis fósseis – petróleo, gás, carvão – é a principal vilã do aquecimento global.

Como então esperar um resultado positivo desse encontro quando ele tem como presidente o sultão Al Jaber, que está a frente da empresa petrolífera, a Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), e quase 2.500 lobistas de empresas desse setor participam dos debates e estão circulando pelos corredores da COP28?

A denúncia sobre essa incoerência lamentável foi divulgada hoje pela coalizão internacional Kick Big Polluters Out (KBPO). Aos menos 2.456 lobistas de empresas de combustíveis fósseis estão no evento em Dubai.

“Num ano em que as temperaturas globais e as emissões de gases com efeito de estufa bateram recordes, houve uma explosão de lobistas dos combustíveis fósseis a caminho das conversações da ONU, com quase quatro vezes mais do que aqueles que tiveram acesso no ano passado. Este aumento coincide com uma COP onde os combustíveis fósseis e a sua eliminação progressiva são um ponto focal. Também eleva o apelo crescente dos países do Sul Global, dos funcionários públicos, dos círculos eleitorais da ONU e da sociedade civil em geral para expulsar os poluidores das conversações”, afirma a organização.

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Segundo a Kick Big Polluters Out, há mais lobistas dessas companhias do que representantes das delegações da maioria dos países, inclusive de todas as nações mais vulneráveis aos extremos climáticos juntas, que totalizaram 1.509 participantes.

O mais vergonhoso é que várias dessas empresas foram levadas nas delegações dos países, como é o caso do Brasil, que trouxe a tiracolo a Petrobras, a França carregou junto a TotalEnergies e a EDF, a Itália a ENI e a União Europeia funcionários da BP, ENI e ExxonMobil.

“Você realmente acha que a Shell, a Chevron ou a ExxonMobil estão enviando lobistas para observar passivamente essas negociações? Para promover soluções climáticas em benefício das comunidades cujo ar e água poluem? Para colocar as pessoas e o planeta acima do lucro e dos seus dólares gananciosos?, questiona Alexia Leclercq, da organização Start:Empowerment. “A presença venenosa dos grandes poluidores tem-nos paralisado há anos, impedindo-nos de avançar nos caminhos necessários para manter os combustíveis fósseis no solo. Eles são a razão pela qual a COP28 está envolta numa névoa de negação climática, e não na realidade climática.”

A KBPO ressalta ainda que talvez o número de lobistas presentes na COP28 possa ser ainda maior, já que o levantamento conta apenas os delegados que revelam abertamente as suas ligações aos interesses dos combustíveis fósseis, e não aqueles que acedem às negociações utilizando uma afiliação profissional diferente. E foram utilizados somente informações de fontes públicas, como websites de empresas, cobertura noticiosa ou bases de dados como a do InfluenceMap, para ligar os delegados aos interesses dos combustíveis fósseis.

Esta foi a primeira vez que os participantes da conferência foram obrigados a declarar a quem eles representavam.

“Sentar a mesa com os grandes poluidores nas discussões sobre as alterações climáticas é pactuar com o advogado do diabo. Este matrimônio profano apenas endossará o conflito de interesses. As conclusões da COP devem ser independentes das influências parasitárias das indústrias e devem abordar apenas as preocupações das massas vulneráveis”, diz Ogunlade Olamide Martins, gestor da Corporate Accountability & Public Participation Africa.

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Foto de abertura: COP28 / Andrea DiCenzo

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