Duas das maiores marcas de produtos esportivos do mundo, as multinacionais Puma e Nike anunciaram que estão deixando de usar o couro de canguru em seus produtos em 2023. Como a pele é bastante leve e resistente, ela era utilizada na confecção de chuteiras de futebol. As empresas afirmaram que passarão a confeccioná-las com material sintético.
Puma e Nike se juntam a outras companhias das áreas da moda e esportes que decidiram abandonar o couro animal, pelo menos o de canguru, para fabricar suas peças. Versace e Prada já tinham divulgado as mesmas medidas.
Há anos existia uma pressão muito grande de organização de proteção ambiental sobre a questão. Segundo a Proteção Animal Mundial, cerca de 1,6 milhão de cangurus selvagens são mortos na Austrália, por ano, para abastecer a demanda pelo couro.
A matança é realizada durante a noite, quando os animais se tornam mais vulneráveis. Muitos dos tiros disparados não são imediatamente fatais, provocando uma morte lenta e dolorosa, ou ainda, mutilações permanentes. Além disso, filhotes são deixados sozinhos ou então, espancados até a morte porque “não são lucrativos para a indústria”.
Ainda de acordo com a ONG, ao longo de dez anos, entre 2000 e 2009, aproximadamente oito milhões de joeys (jovens cangurus) morreram como “danos colaterais” da caça.
Mas o anúncio da Nike e da Puma não agradou a todos. Sobretudo um segmento de mercado na própria Austrália, que vive do comércio da pele do canguru. Após o abate dos animais, a carne é revendida e algumas empresas também lucram com o tingimento do couro.
De acordo com os representantes desses segmentos, há uma superpopulação de cangurus no país e o controle através desse tipo de caça seria benéfico. Além disso, eles alegam que quando o abate é feito de forma profissional o foco é somente nos marsupiais adultos e maiores, ou seja, os quais não possuem mais filhotes ainda jovens, que morreriam sem a presença dos pais.
“O anúncio da Nike de que não usará mais a pele de canguru em seus tênis é um evento sísmico na proteção da vida selvagem, e tremores serão sentidos em todo o mundo, especialmente na Austrália, onde ocorre o massacre comercial em massa de cangurus”, celebrou Wayne Pacelle, presidente do Centro para uma Economia Humana, em um comunicado.
“Eles [Nike e Puma] estão dizendo que não querem fazer parte dessa matança desumana desse ícone internacional. Os cangurus não são criados. A matança comercial é feita no meio da noite, no meio do nada. A regulamentação da indústria é quase impossível”, disse Mick McIntyre, co-fundador e diretor da organização Kangaroos Alive.
*Com informações dos sites ABC Australia e The Guardian
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