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Em festa beneficente do Metropolitan Museum de NY, convidados protestam contra desigualdades

“Não há nada mais cafona do que a ostentação!”, me disse um amigo, hoje cedo, por mensagem virtual. Para ilustrar sua frase, ele enviou um link sobre a noite de gala organizada pelo Metropolian Museum de Nova York, que aconteceu ontem.

Concordo com ele e, em se tratando dessa festa beneficente anual – realizada em maio, mas que foi interrompida no ano passado devido à pandemia e volta somente agora, em setembro, com mais de 50% da população vacinada -, não dá pra ter grandes expectatitvas: a MET Gala, como é mais conhecida, ganha as redes sociais e é sempre lembrada pelos looks extravagantes dos convidados famosos.

Os egos se exarcebam, a criatividade também, o que nem sempre significa bom gosto.

Com tanta fome, miséria, mortes por covid-19, violências e injustiças, tanto desamor e falta de empatia, a ascensão de governos de extrema direita (nada alinhados com justiça social e ambientalismo) e as mudanças climáticas, só para citar algumas mazelas, parece surreal que esse tipo de festa tenha lugar em alguma parte do planeta. Mas o mundo é feito de contradições.

Recursos para a moda

E, se você pensou que a festa chique vai beneficiar algumas instituição humanitária, se enganou. O grande beneficiário da arrecadação milionária obtida com a venda de ingressos e de convites para o jantar é o Costume Institute, entidade de moda que tem orçamento independente do museu para realizar exposições e cursos. Lá, a moda é arte.

Segundo o New York Times, um ingresso individual custa US$ 35 mil (ou pouco mais de R$ 138 mil). E, uma mesa para o jantar varia entre US$ 200 mil e US$ 300 mil (portanto, pode chegar a R$ 1 milhão). E sempre tem lista de espera, com nomes preparados caso algum ingresso fique disponível de última hora. E claro que os famosos e formadores de opinião (influencers) não pagam porque são chamariz!

Anna Wintour, diretora chefe da revista Vogue americana, faz a lista de convidados e também chama estilistas. Famosos e celebridades são convidados por marcas (que compram convites) e vestidos por elas.

O baile superexclusivo antecede a abertura da exposição anual de moda do Metropolitan Museum Of Art que este ano tem como tema Na América: Um Léxico da Moda, que também dá nome à festa.

Mas não fica só nisso! Como em todos os anos em que foi realizado, muitos são os convidados que aproveitam a oportunidade para protestar contra injustiças sociais, culturais, ambientais e climáticas. Declarada ou sutilmente.

Como contamos aqui, recentemente, no Festival de Cinema de Veneza, a atriz e diretora Barbara Paz chamou a atenção dos convidados e da imprensa com seu figurino inusitado com o qual pedia a proteção da Amazônia.

Taxação dos ricos e desigualdade

Um dos protestos mais comentados deste Met Gala foi a mensagem da congressista americana Alexandria Ocasio-Cortez estampada num longo vestido branco – “Tribute os ricos!” -. desenhado e modelado em seu corpo pela designer Aurora James. AOC (como é mais conhecida) escreveu em seu Instagram:

“Orgulhosa de trabalhar com Aurora, designer negra imigrante com foco sustentável, que começou seu sonho d Brother Vellies em um mercado de pulgas no Brooklyn e ganhou o CFDA Fashion Awards, prêmio do Conselho de Designers de Moda da América, e então trabalhamos juntas para abrir as portas no Met. O vestido é emprestado!”. E finalizou: “Chegou a hora dos cuidados com as crianças, com a saúde e as ações climáticas para todos. Tribute os ricos!”.

Chega de peles!

A cantora Billie Eilish, de 19 anos, surpreendeu quem a conhece ao usar um vestido volumoso e vaporoso bege e romântico. Estava linda – disseram que sua intenção era homenagear Marilyn Monroe -, mas a mensagem mais importante ela passou depois, em entrevistas à imprensa:

“Agradeço à Oscar de la Renta por desenhar este bonito vestido e dar vida às minhas ideias e visão. Foi uma honra sabendo que, daqui por diante, a maison está totalmente livre de peles!”.

Com seu vestido de sonhos, Billie Elish celebra decisão da Maison Oscar de la Renta de abandonar o uso de peles de animais / Foto: Reprodução do Instagram

E continuou: “Fernando Garcia e Lara Kim, diretores criativos da marca, e toda a equipe me ouviram sobre esse assunto e fizeram essa grande mudança que causa um impacto para um bem maior, não apenas para os animais, mas também para nosso planeta e meio ambiente. Estou honrada por ter sido um catalisador e ser ouvida sobre este assunto. Exorto todos os designers a fazerem o mesmo!”.

Atenta aos temas mais contundentes da atualidade, em agosto, a cantora se pronunciou abertamente sobre aceitação corporal e o efeito da mídia neste momento de sua vida.

Negros, presente!

Lewis Hamilton em prova da roupa que usou na MET Gala, com os designers que o acompanharam / Foto: Reprodução do Instagram

O piloto de Fórmula 1, Lewis Hamilton – sete vezes campeão mundial – é ativista das questões raciais e luta contra a desigualdade. No MET Gala 2021 não foi diferente: ele comprou uma mesa para o jantar e convidou todos os jovens designers negros que integram a equipe de criação da marca que o vestiu.

“Para mim, essa noite, eu sou anfitrião… Trouxe quatro incríveis e talentosos designers negros. Vamos exaltar sua beleza, sua excelência e seu talento”, declarou em entrevista à revista Vogue.

In Gay, We trust!

Esta é a carteira-manifesto que Megan Rapinoe usou na noite de gala / Foto: Reprodução do Instagram

Outra celebridade do esporte chamou a atenção nessa noite pra lá de sofisticada: a jogadora de futebol norte-americana, Megan Rapinoe, conhecida por sua performance marcante dentro de campo, que se destacou quando liderou a Seleção de Futebol Feminino dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de 2012. Foi uma lutadora aguerrida contra o preconceito e os ataques de Trump à comunidade LGBTQIA+.

Vestida com um costume vermelho (calça e paletó), Rapinoe exibiu sua carteira azul com a expressão In Gay We Trust!, parafraseando o famoso slogan ufanista In America We Trust (Confiamos na América).

Megan Rapinoe chegou ao #MetGala carregando uma bolsa vermelha, branca e azul onde se lê “NO GAY WE TRUST”, combinando com seu terninho.

Pelos direitos das mulheres

A modelo Cara Delevingne com o colete à prova de balas provocador / Foto: Reprodução do Pinterest

A modelo Cara Delevingne causou na noite de gala do MET, mas não por causa de sua roupa. Ela desfilou com uma calça reta e um colete à prova de balas – ambos brancos e desenhados por Maria Grazia Chiuri de Maison Dior -, no qual lia-se Peg the Patriarchy.

Foi um ataque discreto e eficiente ao patriarcado: derrube o patriarcado! é a mais educada tradução. O termo ‘pet’ gerou muita curiosidade e, em menos de 24 horas, era uma das palavras mais pesquisadas no Google. Pudera!

Peg ou pegging é usada para descrever o sexo anal entre casais heterossexuais: nessa prática, a parceria penetra o homem com um vibrador ou outros brinquedos sexuais.

Ao correspondente da revista Vogue, Keke Palmer, ela disse em tom provocativo: “Se alguém não sabe o que isso significa, vai ter que pesquisar”. E completou: “É sobre o empoderamento das mulheres, sobre igualdade de gênero – é um pouco como, ‘Não dê atenção ao homem!'”.

Já a congressista Carolyn B. Maloney foi exagerada nas cores e nas formas (foto abaixo): usou seu figurino para manifestar apoio à ratificação da Emenda de Direitos Iguais , que garante a igualdade legal de gêneros. Optou por um vestido longo que exibia longas faixas – no estilo Miss – que diziam Direitos iguais para as mulheres (Equal Wrights for Women).

Foto: Reprodução do Instagram
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