Protesto reúne 109 carrinhos de bebê em Lviv, na Ucrânia, que simbolizam as crianças mortas desde o início da invasão russa

Protesto reúne carrinhos de bebê em Lviv, na Ucrânia, que simbolizam as 109 crianças mortas desde o início da invasão russa

Como está localizada à oeste da Ucrânia, próximo do centro do país, a cidade de Lviv tem sido o refúgio de todos que fogem para salvar suas vidas, desde o início do confronto. Mas os ataques estão avançando em sua direção. 

Em 18/3, a cidade abrigou uma manifestação muito comovente: ucranianos se reuniram na Praça Rynok, no centro da cidade, e enfileiraram 109 carrinhos de bebê em memória das crianças mortas na guerra, das 130 feridas desde o início da invasão russa, em 24/2.

Os dados são da ACNUR – Agência para Refugiados da ONU. E, de acordo com autoridades ucranianas, 439 escolas foram atingidas por bombardeios e, entre elas, 63 estão completamente destruídas. 

Sem futuro

De acordo com o site It News, no mesmo dia, o prefeito de Lviv, Andriy Sadovyi, publicou um vídeo do memorial e declarou: “Este é um preço terrível da guerra que a Ucrânia está pagando hoje. Pedimos a todos os adultos ao redor do mundo que sejam um escudo para proteger as crianças ucranianas e dar-lhes um futuro”.

Revoltada, Zhuravka Natalia Tonkovyt, uma cidadã canadense de origem ucraniana, que passava pela praça no momento em que os carrinhos eram instalados, disse ao It News, como se dirigisse às mães russas: “Lembre-se de seus filhos quando eles eram pequenos e sentados em carrinhos como esses”, falando como se estivesse se dirigindo a mães russas.

E continuou: “Algumas (crianças) não serão colocadas nesses carrinhos porque estão mortas. Compare com seus próprios filhos, lembre-se de seus sentimentos em relação a eles. Não quero ver carrinhos vazios”.

Mas o que ela não se dá conta é de que a maioria dos russos não apoia a guerra, não está com Putin, portanto, ela poderia dirigir sua fala para as mães americanas, por exemplo. Mas prefiro pensar que seu desabafo deveria ser dirigido para qualquer pessoa que tenha filhos, em qualquer lugar do mundo.

Mortos e refugiados

Os dados sobre mortos e refugiados na Ucrânia ainda estão bastante desencontrados. O governo ucraniano divulgou que mais de 2 mil civis foram mortos até 18/3. Mas, segundo a ONU, foram confirmadas 816 mortes, entre elas, 58 crianças.

De acordo com nota divulgada pelo Alto Comissariado das ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH), é provável que os números reais sejam muito mais altos, principalmente devido ao adiamento de alguns relatórios, em função de manifestações hostis, e da confirmação de outros. Mas o órgão confirma a causa das mortes:

“A maioria das mortes foi causada pelo uso de armas explosivas com ampla área de impacto, como mísseis, sistemas de lançamento de foguetes e ataques aéreos”.

A quantidade de refugiados também tem aumentado, consideravelmente, desde o início da guerra. De acordo com a ACNUR, mais de 3,2 milhões de ucranianos deixaram o país – quase metade são crianças – e a maioria foi para a Polônia.

Isso sem contar que cerca de 6,5 milhões de ucranianos que abandonaram suas casas e seguiram para regiões afastadas e ainda fora do alcance dos bombardeiros, dentro do país. 

Hoje o conflito completa 28 dias. E, caso se prolongue por muito mais tempo, o número de refugiados pode ultrapassar 4 milhões. E das pessoas que se deslocam internamente, mais de 6,7 milhões.

Foto: Divulgação/Lviv Travel

Fontes: Lviv Travel, The Independent, It News

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.