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Promessa cumprida!

Promessa cumprida!

Quando criança, antes de dormir, meu pai lia para mim todo tipo de revistas relacionado à natureza, lugares com culturas diferentes, teorias sobre a vida e o universo. Aquelas informações faziam minha mente de moleque viajar muito, muito longe. Naquela época não havia internet. Era na base das revistas compradas na banca da pracinha mesmo.

Lembro que as publicações que eu mais gostava que meu pai lesse eram as da National Geographic, naquele tempo em inglês, que ele traduzia para mim. Mesmo que ainda nem se sonhasse com fotos digitais, a revista já vinha com as imagens fantásticas de natureza e as histórias dos aventureiros que faziam aquelas fotografias.

Me recordo vividamente o dia que, com cerca de 10 anos de idade, impressionado com aquelas histórias cativantes nas páginas da revista, afirmei para meu pai:

– “Um dia ainda vou ter um trabalho igual ao dessas pessoas. Com certeza!”.

Meu pai, com a sabedoria que lhe era peculiar, me disse:

– “Se essas pessoas da revista conseguiram, você também pode conseguir. Aqui no Brasil é difícil, mas é só trabalhar muito pra isso!”.

Então, prometi para ele que um dia iria ter fotos minhas publicadas na National Geographic.

Em 2016, 25 anos depois daquela promessa, realizei uma expedição em parceria com a ONG de pesquisa e conservação, Instituto Marcos Daniel, para a Ilha de Coroa Vermelha, em Abrolhos, na Bahia. A finalidade da expedição era estudar a saúde das tartarugas marinhas naquela ilha distante do continente. Meu objetivo, como fotógrafo de natureza e conservação, era tentar mostrar aquela história.

Encontramos uma tartaruga presa dentre os corais na maré vazante. Como ela não poderia escapar, com tranquilidade, pude registrar o momento da captura feito por um dos membros da expedição, mostrando o cenário ao fundo, ilustrando bem o contexto daquele trabalho.

Com o resultado da pesquisa, de que a saúde das tartarugas estava afetada, pensei que precisávamos divulgar a história para alertar as pessoas sobre as consequências das ações inconsequentes de nossa sociedade. Estamos afetando os mais longínquos cantos do mundo.

Enviei a proposta para os editores da revista, que se interessaram pelo assunto e compraram a fotografia e um pequeno texto. Em agosto de 2016, eu tive então minha primeira fotografia publicada oficialmente pela National Geographic, em sua versão impressa. Já havia tido fotografias publicadas no site, porém, na revista foi especial.

Meu pai não está mais entre nós, porém, fico feliz de conseguir cumprir aquela promessa que marcou minha vida para sempre!

Aproveito para agradecer a meu pai e minha mãe por sempre acreditarem em mim e por, em NENHUM momento de minha vida, me dizerem para seguir caminhos contrários aos meus sonhos!

Espero que seja a primeira, porém, que não seja a última publicação na revista. Obrigado a todos que apoiam minha luta pela conservação da natureza através do Instituto Últimos Refúgios.

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Margareth Elisa Prest Rocha
Margareth Elisa Prest Rocha
6 anos atrás

Parabéns por sua incasável dedicaçäo e gosto pela natureza.

Mary de Almeida
Mary de Almeida
6 anos atrás

Amei! E para mim mais uma vez, fica provado a influência e a importância que tem, dedicarmos tempo para nossos filhos em coisas boas. O mundo seria diferente se todos os pais se dedicassem da forma como o seu o fez. Certamente ele era uma inteligente e grande pessoa, que fez diferença em sua vida e sem saber, no mundo, mesmo que ninguem saiba disso. Penso que essa é nossa principal razão de existir como seres humanos. Nao meramente nascer, crescer, juntar coisas para si e depois morrer sem nenhum propósito.

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