Costurando o Futuro: geração de trabalho e renda e cuidado com o meio ambiente

Imagine 75 toneladas de tecido automotivo que não foram enviados a aterros sanitários. Pois essa é a quantidade de material reaproveitado pelo projeto Costurando o Futuro desde 2009, quando foi criado em São Bernardo do Campo, em São Paulo.

Tecidos automotivos e uniformes reaproveitados usados por colaboradores da Volkswagen do Brasil, além de excedentes de produção da marca Dudalina, se transformam em mochilas, bolsas, carteiras, estojos, porta objetos, jogos americanos, tapetes e muitos outros produtos, num portfólio com mais de 100 itens.

O projeto, desenvolvido em São Bernardo do Campo pela Fundação Volkswagen, mobiliza hoje cerca de 60 pessoas, integrantes de nove grupos produtivos e 11 microempreendoras individuais. Oferece formação técnica com supervisão de modistas, assessores de empreendimento, noções de gestão organizacional, empreendedorismo, treinamentos em negócios para pessoas moradoras de comunidades no entorno da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo e em São José dos Pinhais, no Paraná, onde, de 2013 a 2015, 90 mulheres participaram de oficinas e criaram um portfólio de 70 produtos.

Inicialmente, o projeto promovia formações em costura. Com o passar do tempo, o Costurando o Futuro passou por um redesenho estratégico, começando a atuar mais no formato de acelerador, unindo grupos produtivos para atendimento de demandas, fortalecendo o coletivo e potencializando aquilo que cada participante tem de melhor. Nessa nova fase dois novos parceiros se integraram ao grupo justamente com o objetivo de estimular o empreendedorismo e transformar a atividade em ferramenta de inclusão social e econômica: a Aliança Empreendedora e a Rede Asta.

“No projeto Costurando o Futuro estão presentes os três pilares da sustentabilidade: Do ponto de vista social, as mulheres aprendem um novo ofício, do ponto de vista econômico, elas começam a gerar renda, e no aspecto ambiental, reutilizam tecidos que seriam descartados em aterros”, avalia a diretora da Fundação Volkswagen, Keli Smaniotti.

Hackeando o sistema

Durante um mês o Costurando o Futuro passa por uma experiência inédita em sua trajetória: o funcionamento de uma loja social no Shopping Grand Plaza, em Santo André.

No coração do consumo, em meio a grandes marcas, a loja em si é uma exposição magnífica dos produtos e comercializa os itens produzidos pelas empreendedoras.

“Nossas expectativas são as melhores possíveis. Essa oportunidade representa algo novo. Sempre que nos falam em exposição em shoppings sabemos que normalmente o que será cedido como espaço será um quiosque. Mas nesse caso, no Grand Plaza, o local cedido é uma loja maravilhosa, em lugar de grande visibilidade. Vamos atingir um público diferenciado. É um novo desafio”, avalia Djenane Martins, que integra um dos empreendimentos participantes do projeto, o Charlotte Arte em Costura, e é também diretora da UNISOL São Paulo.

Já divulguei, aqui no blog, duas outras experiências parecidas de ocupação de shoppings pela economia solidária, uma em São Paulo e outra em Juiz de Fora. Até o dia 20 de março é possível conhecer a loja social do Costurando o Futuro em Santo André e praticar o consumo solidário.

Fotos: Pixabay/MasterTux e Divulgação/Costurando o Futuro

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Mônica Ribeiro

Jornalista e mestre em Antropologia. Atua nas áreas de meio ambiente, investimento social privado, governos locais, políticas públicas, economia solidária e negócios de impacto, linkando projetos e pessoas na comunicação para potencializar modos mais sustentáveis e diversos de estar no mundo.