Projeto Caiman garante a sobrevivência dos jacarés da Mata Atlântica

projeto caiman garante sobrevivência do jacaré da mata atlântica

Quando comecei a fotografar, não tinha muita noção dos caminhos que deveria seguir para conseguir fazer a diferença com minhas imagens. Só sabia que fazia meu trabalho com um objetivo: o de criar ferramentas para fazer um mundo mais sustentável, no qual os humanos e a natureza vivessem em harmonia. Obviamente nunca tive a pretensão de fazer isso sozinho. Acredito que muitas pessoas, com o mesmo objetivo, conseguem promover mudanças reais.

A ideia sempre foi inspirar pessoas a lutarem por uma convivência mais equilibrada com o planeta. Através de fotografias e vídeos, consigo expressar um pouco do que sinto em relação ao assunto sobre o qual fotografo e provocar reflexão.

Ao longo dos últimos anos, tive o privilégio de conhecer diversas organizações e projetos que realizam um belíssimo trabalho de conservação ambiental, sobretudo, no Espírito Santo, onde moro.

A partir de hoje, começo então a escrever, aqui no Conexão Planeta, uma série de reportagens mostrando como essas entidades fazem a diferença entre a sobrevivência e a extinção de espécies brasileiras.

A primeira delas, que abre a série, é sobre o Projeto Caiman. Recebi o convite pelos parceiros desta iniciativa para apoiá-los com a comunicação.

A missão era fazer com que um animal, estigmatizado como “vilão”, tivesse o poder de sensibilizar as pessoas, e assim, garantir a sobrevivência de sua espécie. Foi assim que me envolvi com o jacaré-de-papo-amarelo.

Os jacarés são essenciais para garantir o equilíbrio de seus ecossistemas

O Projeto Caiman é uma iniciativa do Instituto Marcos Daniel, em parceria com a ArcelorMittal Tubarão, que foca na conservação desse réptil da Mata Atlântica. Apesar de poder ser encontrado em outros países da América do Sul (Bolívia, Argentina, Uruguai e Paraguai), atualmente, a maior população da espécie está no Brasil, podendo ser observada ainda na Caatinga, Cerrado e nos Pampas.

Os jacarés são animais marginalizados, porém, de extrema importância para a manutenção do equilíbrio biológico dos ambientes nos quais se encontram. A Mata Atlântica tem menos de 10% de sua área original, então, se para animais carismáticos já está difícil sobreviver, imagine para os jacarés, que as pessoas têm tanto preconceito?!

Trabalho de educação ambiental junto a crianças: 
é preciso mudar a percepção das novas gerações 

O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) é considerado pela equipe do Projeto Caiman uma espécie símbolo da Mata Atlântica. A iniciativa é pioneira, no país, na pesquisa e na conservação dessas populações, gerando dados técnico-científicos de saúde e ecologia das mesmas no Brasil.

Análise de material coletado em campo:
mais conhecimento sobre o Caiman latirostris

Com frequência são organizadas expedições de campo para realizar os estudos científicos com os jacarés, sendo que, para isso, os especialistas do Caiman têm que capturar desde filhotinhos do tamanho de um calango a adultos tão pesados quanto um ser-humano. Um adulto da espécie pode chegar a medir 3,5 metros de comprimento e pesar até 100 kg.

Para fazer a captura de um jacaré são necessárias pessoas capacitadas, experientes e treinadas em técnicas de manejo e contenção.

Equipe do Projeto Caiman em trabalho de campo

Meu foco, neste caso, é tentar, através da difusão científica, fazer com que os dados obtidos pela equipe do projeto cheguem até as pessoas da melhor forma possível, mostrando a beleza dos animais, sua importância para o ecossistema e, não menos importante, exaltando o trabalho de pessoas que lutam perseverantemente pela causa. Pessoas essas que acabam tornando-se bons exemplos e servindo de inspiração para toda uma nova geração.

Nascimento de um jacaré-do-papo-amarelo

Como profissional dessa área, é difícil somente captar as imagens e não se envolver um pouco mais na causa. O fotógrafo de natureza que retrata uma realidade e trilha o caminho da conservação ambiental está numa missão árdua que, na maioria das vezes, cobra altos preços, pessoais e profissionais. Horários não convencionais, recursos escassos e histórias de “cair suor dos olhos”, fazem parte da rotina daqueles que escolheram dar voz à natureza.

*Neste link você encontra o guia para educação ambiental “O jacaré de papo amarelo”, que tem download gratuito e pode ser usado por educadores e professores nas escolas.
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*Você pode saber mais sobre meu trabalho no Instituto Últimos Refúgios no Instagramno Facebook e no YouTube.

Fotos: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

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Leonardo Merçon

Fotógrafo de natureza e conservação, é fundador do Instituto Últimos Refúgios, ONG sem fins lucrativos que busca sensibilização ambiental através da cultura, em especial, fotografias e vídeos. Leonardo já realizou diversas exposições no Brasil e também na Alemanha, Itália e França. Tem cinco livros publicados, quatro documentários em vídeo, séries para TV/Youtube e matérias veiculadas na BBC, National Geographic Brasil, Fantástico, Google Arts & Culture