Por uma vida mais selvagem, na natureza,… e em boa companhia!

Temos conversado – aqui no blog e em nossas ações ao vivo e pelas redes sociais -, de diversas formas, sobre a importância de as crianças terem um relacionamento saudável, profundo, cotidiano e livre com a natureza. Sabemos e queremos difundir cada vez mais o quanto esse contato é fundamental para garantir um desenvolvimento saudável e rico.

Do lado de fora, as crianças têm um mundo de possibilidades para explorar, elas se transformam junto com os seres vivos com quem escolhem brincar. Ambos compartilham de momentos únicos de unidade, enquanto percebem as diferenças, complementaridades e necessidades um do outro.

Sempre que falamos de criança e natureza, não falamos de crianças solitárias. É essencial poder compartilhar essa experiência e que a criança esteja com outras crianças ou com um adulto. No dia a dia, o melhor jeito de garantir que elas brinquem do lado de fora é ir junto com elas. Brincar juntos – adulto, criança e natureza – proporciona momentos únicos que nenhum outro ambiente pode oferecer.

Se imaginarmos, hipoteticamente, uma criança vivendo sozinha em profunda sintonia com o ambiente selvagem, podemos facilmente supor que ela não vai ter um desenvolvimento psíquico saudável. Se, de um lado, precisamos da natureza para garantir nossa saúde física e mental, de outro lado, precisamos das pessoas para garantir essa mesma saúde.

Acreditamos que a criança é a natureza sendo humanizada. Então, como a criança vai aprender a ser um ser humano sem seres humanos por perto? E, claro, da mesma forma, como a criança vai aprender a ser um ser humano sem a natureza com a qual interagir e se construir?

Para nós, um desenvolvimento pleno só é possível se a criança:
. interagir com a natureza todos os dias;
. vivenciar ambientes selvagens em sua infância;
. tiver adultos e/ou outras crianças  junto com quem elas possam vivenciar e compartilhar a natureza.

Krishnamurti nos diz, em seu livro The awakening of inteligence: 

Para ver juntos – que é compartilhar juntos – precisamos ambos ver; não concordar ou discordar, mas ver juntos o que aquilo é. E, para ver junto, cada um precisa ser livre para observar, ser livre para ouvir. Isso significa não ter preconceito. Somente, então, com esta qualidade de amor, poderemos compartilhar.

Nunca a sua experiência será como a minha e vice-versa, mas compartilhá-la nos faz sentir mais próximos e humanos.

Relembrando nossa história biológica, cada criança que nasce é ainda um primata aprendendo a conduta humana. Todas as transformações que ocorreram na história da vida na Terra e que propiciaram o surgimento dos humanos deveriam ser relembradas e recontadas a cada novo nascimento.

Os seres humanos são os que mais necessitam uns dos outros, muito fortemente nos primeiros anos de vida, mas ao longo de toda a vida. Tudo o que somos é gerado a partir de nossas relações uns com os outros e com o mundo. Estar com os outros e com a natureza é a melhor maneira de garantir o desenvolvimento pleno das crianças e, também, sustentar uma vida equilibrada e saudável para os adultos que são, sempre, a principal referência para as crianças.

Foto: Renata Stort

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Ana Carolina Thomé e Rita Mendonça

Ana Carolina é pedagoga, especialista em psicomotricidade e educação lúdica, e trabalha com primeira infância. Rita é bióloga e socióloga, ministra cursos, vivências e palestras para aproximar crianças e adultos da natureza. Quando se conheceram, em 2014, criaram o projeto "Ser Criança é Natural" para desenvolver atividades com o público. Neste blog, mostram como transformar a convivência com os pequenos em momentos inesquecíveis.