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Ponto de saúde mental e economia solidária corre risco de desalojamento em São Paulo, mas há alternativas, como parcerias e cooperação

O Ponto de Economia Solidária e Cultura do Butantã, em São Paulo – mais conhecido como Ponto Butantã , é parte de uma estratégia que surgiu a partir da luta antimanicomial, que tem como um dos eixos a inclusão e a socialização de pessoas com transtorno mental por meio do trabalho. A economia solidária é uma das ferramentas que ajudam a tornar isso possivel.

Criado em 2016, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, o Ponto Butantã promove diversas atividades e é dinamizado por empreendimentos culturais, de artesanato, da agricultura familiar, agroecologia e panificação. Antes, eles se reuniam nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) Butantã e Lapa e se uniram em um só lugar, assessorados por equipe técnica e pedagógica para produzir e comercializar seus produtos.

Entre os empreendimentos solidários que funcionam no local estão a horta Quintal do Teiú, a loja Pé à Biru, os orgânicos do ponto, a livraria Louca Sabedoria e a Comedoria Quirim (esta última momentaneamente fechada).

O Ponto abriga também a Escola de Formação em Economia Solidária Paul Singer que ganhou uma unidade no Amazonas, em março de 2018.

Trata-se de um espaço aberto, interativo e participativo que reúne profissionais de saúde, pessoas com transtornos mentais ou necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas e moradores do bairro.

Agora, segundo informações veiculadas pelo próprio Ponto Butantã, o espaço está em risco.

Uma obra de ampliação do Instituto Butantã estaria requisitando a área em que está localizado o Ponto. Desde maio estão sendo realizadas mobilizações para que o Ponto continue a funcionar na casa recém-reformada, que ocupa desde 2016.

Organizações mobilizam abaixo-assinado em defesa do Ponto

Um abaixo assinado foi organizado por diversas organizações da sociedade civil, universidades, mandatos legislativos e moradores da região, apontando a compreensão da necessidade de investimento da na área de trabalho do Instituto, por toda a sua importância para a saúde dos brasileiros, mas ressaltando a importância dos serviços públicos do Ponto:

“Acreditamos que o Ponto e o Instituto Butantã podem ser parceiros e conviver em colaboração como vizinhos e promotores da saúde”.

Em seis anos de funcionamento, o Ponto Butantã se consolidou como lugar de formação de profissionais e produção de pesquisas implicadas com o avanço das práticas e políticas públicas de saúde mental, economia solidária e cooperativismo social.

A estruturação de empreendimentos baseados em cooperativismo social e economia solidária, promovendo a inclusão pelo trabalho, tem sido muito importante dentro da chamada Política Nacional de Saúde Mental, que vem se desenvolvendo ao longo dos últimos 30 anos, com a chamada Reforma Psiquiátrica.

Essa Política, reconhecida internacionalmente pela ONU como modelo a ser seguido por outros países, substituiu o internamento de pessoas em manicômios, submetidas aos mais aterrorizantes tratamentos, em condições desumanas, pelo atendimento nos CAPS, Serviços Residenciais Terapêuticos, Centros de Convivência e Cultura, Unidades de Acolhimento e leitos em hospitais gerais.

A abordagem promove o atendimento integral no lugar da internação compulsória, e a emancipação social no lugar do enclausuramento, enfatizando o respeito à autonomia do indivíduo, o cuidado, o trabalho em rede e a inserção social.

O Ponto Butantã é parte deste movimento e tem demonstrado, nesses anos em funcionamento, como o modelo funciona: é virtuoso, integrativo e promove a convivência com a diversidade e o cooperativismo.

Apoie o Ponto Butantã!

Por essa razão, convido todo mundo a aderir e assinar o abaixo assinado e contribuir para a manutenção desse espaço de resistência tão inovador e necessário.

Indico também a leitura de alguns textos que publiquei aqui, no Conexão Planeta, que demonstram a riqueza e a importância do Ponto Butantã (que inicialmente surgiu com o nome de Ponto Corifeu):

Quer entender mais sobre economia solidária? Ponto Butantã tem escola de formação em São Paulo
Saúde Mental e Economia Solidária: evento é ótima oportunidade para entender de perto essa relação e a luta contra os manicômios
Ponto de Economia Solidária do Butantã abriga feira feminista em São Paulo
Corifeu, Benedito e Candinho: novos pontos de contato com a economia solidária em SP

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Edição: Mônica Nunes

Foto: Ponto Butantã/divulgação

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