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Pica-pau é novo aliado na luta contra besouro invasor no Canadá

pica-pau pode ajudar a combater besouro invasor do Canadá

No início, o Departamento de Florestas da cidade canadense de Ottawa, era obrigado a cortar por ano cerca de 200 freixos condenados em ruas e parques. As árvores, da mesma família das oliveiras e que podem atingir até 25 metros, estavam sendo mortas por um besouro, originário da Ásia. Atualmente, são retirados aproximadamente 7 mil freixos todos os anos em Ottawa.

O besouro-verde asiático (Agrilus planipennis) é uma espécie invasiva. Comum no leste asiático, por lá não causa problemas. Mas na América do Norte, o inseto tornou-se uma praga. Foi primeiro detectado na cidade americana de Detroit, em Michigan, em 2002.

Desde então, já matou milhões de árvores nos Estados Unidos, Canadá e Golfo do México. É considerado pelos especialistas como um dos mais destrutivos para as florestas americanas e canadenses, assim como o besouro do pinho (Dendroctonus ponderosae – leia mais sobre esta outra espécie ao final deste post). Para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a proliferação destes insetos em regiões distantes de seu habitat original se deve ao aquecimento global. Geralmente, estes besouros morrem quando o inverno chega, mas como as temperaturas no Hemisfério Norte estão mais altas, eles conseguem sobreviver ao frio mais ameno.

Com pouco mais de um centímetro, o besouro-verde asiático se alimenta das folhas das árvores. Mas o principal problema está em suas larvas, extremamente tóxicas para os freixos. Depois do acasalamento, a fêmea do besouro deposita seus ovos na casca da árvore. Ao nascerem, as larvas corroem o tronco, sugam todos os nutrientes e matam a planta.

besouro verde asiático

O besouro-verde asiático pode colocar entre 200 e 400 ovos depois de cada acasalamento

Agora surge uma nova esperança para combater a praga invasora: o pica-pau.  Os cientistas acreditam que a ave pode ser o melhor predador para o besouro-verde. “Eles são caçadores ideais de insetos que vivem em árvores. Fazem furos com seu bico e entram no tronco. E têm uma língua extremamente longa e pegajosa”, explica Ted Cheskey, especialista em aves da Nature Canada, em reportagem publicada pelo site alemão Deutsche Welle.

Até então, os canadenses apostaram em outro controle biológico: as vespas. São elas as principais predadoras naturais do besouro-verde na Ásia. Em Ottawa foram utilizadas duas espécies – uma que come o besouro e outra que se alimenta da larva. Mas os resultados ainda são incipientes.

Agora os cientistas torcem para que o pica-pau ajude nesta batalha contra a praga invasora. Em 2015, foram gastos 5,4 milhões de dólares canadenses para tentar controlar o besouro, orçamento 20% maior ao do ano anterior.

Besouro do pinho: outra praga que se fortalece com o aquecimento global

Com invernos mais brandos na América do Norte, outro besouro se alastrou pelas florestas de pinheiros das montanhas dos Estados Unidos e Canadá. Natural da região, o besouro do pinho (Dendroctonus ponderosae) é do tamanho de um grão de arroz. Seu ciclo de vida dura geralmente um ano. Quando o inverno rigoroso chegada, até então algo comum no Hemisfério Norte, os besouros morriam com o frio e era registrado o aparecimento de uma nova geração a cada dois anos. Com as mudanças climáticas e as consequentes temperaturas mais amenas, o besouro do pinho consegue sobreviver e até duas gerações têm nascido por ano.

Nas últimas décadas, o Dendroctonus ponderosae, que age como o besouro-verde asiático, matando as árvores por dentro, destruiu milhões de hectares de florestas na América do Norte. E os pinheiros mortos, que continuam de pé, se tornam um perigoso combustível para incêndios.

Outro efeito catastrófico da ação dos besouros é que com a derrubada das árvores, as florestas deixam-se de capturar toneladas de dióxido de carbono (o gás CO2, principal responsável pelo aquecimento global) da atmosfera, um dos mais importantes serviços ambientais prestados pelas árvores ao ser humano.

Fotos: domínio público/pixabay (abertura) e Nature Serve/CreativeCommons/Flickr (besouro)

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