A Polícia Federal (PF) realizou nesta terça-feira (12/03), no Rio de Janeiro, a Operação Defaunação contra uma organização criminosa de tráfico de animais silvestres. A ação, com apoio das Corregedorias da Polícia Militar (PMERJ) e do Corpo de Bombeiros (CBMERJ), é resultado de uma investigação que descobriu a venda de bichos através das redes sociais, com a utilização de documentos falsos.
Cerca de 100 policiais cumpriram três mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão nos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá.
Segundo informações da PF, o líder da organização era um bombeiro militar, Fabiano Gouveia Monteiro, que já está preso. O grupo contava ainda com a participação de servidores públicos, profissionais que trabalham no Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e no Comando de Policiamento Ambiental (CPAm). Além deles, estão envolvidos nas atividades criminosas médicos veterinários, caçadores, receptadores, falsificadores e traficantes de animais silvestres.
Em apenas um ano, a organização teria comercializado pelo menos 120 macacos-prego, entre eles, algumas espécies ameaçadas de extinção, como o macaco-prego-de-crista. Outras centenas de animais, como araras, papagaios, pássaros, répteis e até, cervos, também eram vendidos por traficantes. Alguns chegavam a ser vendidos por mais de R$ 100 mil.
Araras que estavam em um dos locais onde os policiais estiveram durante a operação
Foto: divulgação Polícia Federal
A quadrilha fazia a falsificação dos documentos de origem dos animais com um cadastramento fraudulento no Sistema Nacional de Gestão da Fauna Silvestre, o SISFAUNA, e no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros, o SISPASS – ambos geridos pelo IBAMA –, “com o intuito de dificultar o controle e fiscalização dos órgãos ambientais”.
Além de vários animais apreendidos durante a operação de hoje – alguns em péssimas condições -, os policiais também encontraram armas e pistolas com dados tranquilizantes.
Armas e munição apreendidos pela Operação Defaunação
Foto: divulgação Polícia Federal
Agora os investigados responderão, dentre outros delitos, “pelos crimes de organização criminosa, receptação qualificada, crime ambiental, peculato, falsificação de documentos e selos públicos, falsificação de documento particular, uso de documento falso e falsidade ideológica”.
Caso sejam julgados culpados, as penas somadas podem variar entre 46 a 58 anos de prisão. Vale lembrar, que quem compra esse animais pode responder a crime de receptação.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a comercialização de animais selvagens é classificada como uma das maiores e mais lucrativas atividades de crime organizado transnacional do mundo, juntamente com o tráfico de drogas, de seres humanos e o de armas. Estima-se que movimente cerca de U$ 20 bilhões por ano.
Cervos também eram comercializados pela organização criminosa
Foto: divulgação Polícia Federal
*Texto atualizado às 15h06 para incluir mais informações divulgadas pela Polícia Federal
————————————————————————–
Agora, o Conexão Planeta também tem um canal no WhatsApp. Se você quiser se inscrever para receber nossas notícias, acesse esse link, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Leia também:
Mais de 80 animais são encontrados em malas em aeroporto da Tailândia, entre eles, um panda-vermelho
Operação internacional apreende milhares de animais vivos e partes de outros mortos
Tráfico de animais silvestres aumenta ameaça de novas pandemias e expansão para comércio digital impõe risco ainda maior à humanidade
Juliana Ferreira é primeira brasileira a ganhar prêmio da Interpol por trabalho de combate ao tráfico de animais
Foto de abertura: divulgação Polícia Federal