Pescadores de caranguejos processam empresas petrolíferas nos Estados Unidos pelos prejuízos das mudanças climáticas

Pescadores de caranguejos processam empresas petrolíferas nos Estados Unidos por negar mudanças climáticas

Desde os anos 70 elas já sabiam que suas atividades estavam provocando o aquecimento da superfície terrestre e da água dos oceanos. Mas se mantiveram caladas e nada mudaram em seus modus operandi, pelo contrário, continuaram a explorar as fontes de combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás) do planeta.

Pois agora, as gigantes petrolíferas estão sendo levadas ao tribunais para pagar por sua omissão. No final de outubro, a procuradora-geral do Estado de Nova York, Barbara Underwood, impetrou na justiça uma ação contra a ExxonMobil. A maior empresa de petróleo do mundo é acusada de enganar acionistas ao minimizar o risco do combate à mudança climática para seu negócio. É mais um revés para a petroleira, que já é investigada nos Estados Unidos por ter negado durante décadas a ligação entre petróleo e mudança do clima, que já era conhecida pelos cientistas da empresa desde os anos 1970.

Agora é a vez de associações de pescadores de caranguejo da Califórnia entrar com uma ação contra 30 companhias petrolíferas. A alegação é que essas empresas contribuíram para o aquecimento global e os prejuízos trazidos por ele para a indústria pesqueira, por isso, devem pagar pelo dano que causaram.

Nas últimas décadas, os pescadores têm percebido a redução da estação de pesca de caranguejos, além de outras anomalias, incluindo o aparecimento de algas tóxicas na região, que tornam os frutos do mar impróprios para o consumo humano.

No passado, o período da pesca começava em novembro, e hoje, apenas em março.

A Pacific Coast Federation of Fishermen’s Associations é a maior associação do setor da costa oeste americana. A ação abre um precedente importante, já que é a primeira movida por um segmento específico de uma indústria.

Ente as empresas que são acusadas de causar prejuízos ao mercado de caranguejo estão ExxonMobil, BP e Chevron.

“Os oceanos estão mudando e o comércio pesqueiro – e homens, mulheres, seus negócios, suas comunidades e suas famílias estão pagando o preço”, diz o texto da ação, que corre no Tribunal Superior de São Francisco.

“Os acusados, membros das principais corporações da indústria de exploração de petróleo, sabiam por mais de meio século que a produção irrestrita gerava gases de efeitos estufa que aquecem o planeta, mudam nosso clima e alteram a vida nos oceanos”, ressaltam os advogados da associação de pescadores da Califórnia.

Foto: domínio público/pixabay

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.