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Pequenas marcas e economia solidária, um caso de amor

Há um tempo venho elogiando aqui o trabalho que pequenas marcas têm desenvolvido com grupos de economia solidária. E a moda é um terreno fértil para estabelecer esse tipo de relacionamento na cadeia de produção. Em especial porque há pessoas interessadas em saber de onde vem a roupa e o sapato que usa, como é o seu processo produtivo e seus impactos socioambientais.

Aqui, em São Paulo, essas parcerias vêm crescendo, agregando aos produtos a certeza do comércio justo, da sustentabilidade e da cooperação. Aproveitando a onda de fim de ano, trago aqui algumas dessas marcas, em especial seis que têm trabalhado com a Rede Costura Solidária SP, sobre a qual já falei aqui no blog, e com o Retrós Vest, empreendimento de costura que integra a Rede.

Antes de prosseguir, quero contar um pouquinho sobre esses dois grupos. Acompanho a Rede Costura Solidária SP desde 2015, quando ela se formou a partir do Projeto Ecosol SP Como Estratégia de Desenvolvimento. Hoje, integram o grupo nove empreendimentos de costura, que reúnem aproximadamente 70 pessoas.

O Retrós Vest é um desses empreendimentos. Surgido na Zona Leste, o grupo foi iniciado ainda em 2015, e desde então vem passando por formações oferecidas pelo projeto. Composto por mulheres de todas as idades, o Retrós Vest tem esse nome por celebrar o resgate de saberes tradicionais da costura e passou a integrar a Rede em 2016.

Banco de Tecido

Sua proposta é muito bacana, além de totalmente sustentável. O banco promove o upcycling de tecidos, dedicando-se a aumentar a vida útil de materiais que virariam resíduos e a promover sua circulação.

Uma parceria com o Retrós Vest e a iniciativa Moda Limpa resultou na ideia de reaproveitar retalhos provenientes da mesa de corte de produção de marcas que separam sempre os mesmos pedaços, vinculadas em especial à confecção de camisaria e de lençóis. Os tecidos têm, por isso, formatos estranhos, para os quais não é fácil imaginar novos usos.

Por meio dessa parceria, as integrantes do Retrós montam o ‘costurado’, tecido com cerca de 1,70m x 2m ou um pouco mais, de modo que ele possa “receber” modelagens de vestidos, camisetas, calças etc.

Na proposta do Banco, qualquer pessoa pode “depositar” sobras de tecidos e sacar outros em troca, ou comprar a quantidade de que precisa. Além do bom preço, o acervo conta com tecidos exclusivos e antigos, que não são encontrados no comércio tradicional. É um sistema inclusivo e circular, que interconecta atores da cadeia têxtil e proporciona reflexos sociais, econômicos e ambientais.

Avah!

A parceria da marca Avah! com o Retrós Vest veio um pouco ao acaso, por indicação de uma pessoa que teve contato com o grupo em formações e fazia pós-graduação com uma das sócias da marca. O pessoal da Avah! queria estabelecer uma produção mais sustentável, mais próxima e humana, em acordo com seus valores.

A marca trabalha também com upcycling (processo que transforma resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de valor) e é parceira do Banco de Tecidos. Com o intuito de fazer peças a partir do que já existe no mundo e ter coleções lixo zero, a Avah! surgiu com o objetivo de produzir roupas sem rótulos, bonitas por dentro e por fora. Utiliza excessos de tecido de produção parados nos estoques, restos de rolos de tecido, testes de máquinas e outros panos que seriam descartados.

Santa e Nuvem

Busca traduzir a leveza e a fluidez do feminino em roupas que respeitam espaço e movimento. As peças são criadas em pequena escala, valorizando mão de obra local e matéria prima brasileira.

A parceria com a Rede Costura Solidária SP, este ano, está apenas no início e é motivada pelo encontro promovido pela Jardim Secreto Fair (sobre o qual escrevi, aqui) entre pequenas marcas e grupos produtivos da economia solidária em eventos ao longo deste ano. Aproveite que a feira tem uma edição especial de Natal no dia 16/12! Clique aqui para saber mais.

Gioconda Clothing

Esta marca também está ajustando, este ano, uma parceria com a Rede Costura Solidária SP. A proposta da marca é produzir roupas com o conceito do conforto, utilizando tecidos e acabamentos naturais e preocupando-se com leveza e bem-estar.

Peças íntimas, roupas para usar confortavelmente em casa ou pra dar um giro por aí e acessórios estão entre as produções da Gioconda, definida pela marca como uma ‘mulher de espírito livre e alma antiga’.

Useverse

A parceria da UseVerse com a Rede de Costura Solidária SP veio com a participação no Jardim Secreto Fair. A marca  utiliza matéria-prima reutilizada, sobras de modelagem e retalhos e é bastante comprometida com a questão ambiental. Saias, polainas, tricôs, calças, blusas, leggings, hot pants, tops e bodys bem descolados estão entre os itens produzidos.

Criada em 2016, a marca exibe os nomes de quem costurou e modelou na etiqueta de cada peça. A costura é o ponto central, como também o “fazer com calma e cuidado”, o respeito e o “costurar” em si, como cultura.

Realindo

Esta marca difere das outras que citei acima porque não trabalha com moda, mas, sim, com perfumes para casa, feitos à mão. A parceria com a Rede virá pela confecção de necessaires.

A marca surgiu com o conceito de elevar o sentido do olfato na decoração. Em seu site, dá dicas de como reutilizar seus frascos vazios e informa quais são os pontos que os recebem de volta.

Curtiu? Aproveito pra lembrar o meu último post no qual falei sobre onde comprar itens da economia solidária neste final de ano em São Paulo.

Foto: Clem Onojeghuo/ Unsplash

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merlil
merlil
6 anos atrás

Por favor incluam a Justa Trama, uma marca que planta, colhe, tece o fio e confecciona roupas em algodão orgânico certificado e em sistema de economia solidária feminista. http://www.justatrama.com.br

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