Pouco a pouco, o peixe-leão vai avançando pelo litoral da região Nordeste. O mais recente registro foi na Ilha de Itamaracá, no Grande Recife. Dois deles foram encontrados por pescadores em armadilhas, colocadas numa profundidade de 40 metros, a 36 km da costa. Nos dias seguintes, outros relatos comprovaram sua presença naquela área.
Em abril do ano passado, vários peixes-leões apareceram em praias do Ceará. O estado entrava na lista de várias outras localidades onde a espécie já estava sendo avistada, como em municípios do Piauí, em recifes da foz do Rio Amazonas, entre o Amapá e Pará, além de dezenas coletados na Ilha de Fernando de Noronha (leia mais aqui).
Nativo dos Oceanos Índico e Pacífico, o peixe-leão (Pterois volitans ou P. miles) é um predador. Em recifes de corais, se alimenta vorazmente de outros peixes. Em seu habitat natural, ele é controlado pela cadeia alimentar, onde é presa de espécies de garoupas e até por tubarões. Mas longe desses inimigos, se reproduz rapidamente e sem controle. Uma fêmea pode colocar até 2 milhões de ovos por ano.
Além disso, o animal tem espinhas que possuem uma toxina. Em contato com a pele humana pode provocar inchaço, vermelhidão, febre e até convulsões.
No Brasil, o registro do primeiro peixe-leão aconteceu em 2014, no litoral de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro. Mas ao longo dos últimos anos, o número de casos vem aumentando, e parece se repetir o que aconteceu no Mar Mediterrâneo e no Caribe, onde houve uma proliferação sem controle da espécie, e ele acabou virando uma praga.
“É a invasão mais rápida que já vi na história do Brasil. Eu estou impressionado, e isso traz uma situação gravíssima”, disse Marcelo Soares, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará, em entrevista ao portal de notícias UOL.
Ainda segundo o cientista, os indivíduos coletados no litoral cearense em 2022 tinham 14 cm, mas agora, meses depois, os que são encontrados medem entre 26 cm e 38 cm.
“Quando ele ‘dobrou a esquina’ no Rio Grande do Norte ganhou vantagem porque vai a favor da corrente para o sul —aqui na parte ao norte estava contra. Pela modelagem feita ele vai chegar até o Uruguai; ou seja, vai tomar toda a costa brasileira e causar graves impactos”, acredita o pesquisador.
Em Pernambuco, a prefeitura de Itamaracá e a organização Projeto Conservação Recifal começaram a capacitar cerca de 2.500 pescadores para ajudar no monitoramento do peixe-leão.
Peixe-leão encontrado em Itamaracá
(Foto: Projeto Conservação Recifal)
A recomendação de especialistas é que não deve se tocar ou tentar manusear a espécie. Caso alguém aviste ou tenha informações sobre o peixe-leão no Brasil, deve repassar os dados através do SIMAF ou entrar em contato com cientistachefesema@gmail.com.
Pescadores não devem devolvê-lo ao mar e logo que possível, buscar os órgãos competentes e informar o acontecido.
Neste guia elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) você encontra mais dicas e informações.
Foto de abertura: rawpixel/domínio público







