Parque Nacional do Iguaçu em perigo! Projeto de estrada que corta a reserva ao meio, em pauta na Câmara dos Deputados

Parque Nacional do Iguaçu em perigo! Projeto de estrada que corta a reserva ao meio vai ser votado na Câmara dos Deputados, em regime de urgência

Atualizado em 3/6/2021
Graças a mobilização organizada por organizações e parlamentares, com apoio da população – sobre a qual chamei a atenção no texto abaixo -, o PL 984/2019 foi tirado da pauta de ontem, na Câmara dos Deputados. Mas a mobilização continua porque ele pode voltar ao plenário a qualquer momento. Contei sobre isso em novo texto, em 3 de junho.
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Mais um escárnio!!! Nesta semana, em que celebramos o Dia do Meio Ambiente, a Câmara dos Deputados pode colocar em votação amanhã, 2/6, em regime de urgência, o Projeto de Lei 984/19, de autoria do deputado Vermelho (PSD/PR), que defende a abertura da estrada Caminho do Colono, fechada há mais de duas décadas por decisão judicial.

O pedido foi feito em regime de urgência por “líderes”, a partir do Requerimento 1929/19.

Para rebater o projeto, a primeira atitude que podemos tomar é votar NÃO na consulta pública que está indicada na página do projeto no site da Câmara. A segunda é participando do tuitaço que acontecerá hoje, às 14h: use as hashtags #EstradaDoColonoNão e #PL984Não.

Parque Nacional do Iguaçu em perigo! Projeto de estrada que corta a reserva ao meio vai ser votado na Câmara dos Deputados, em regime de urgência

A proposta do Deputado Vermelho – apoiado por Bolsonaro, como já divulgamos aqui altera a Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, criando a categoria de Unidade de Conservação denominada Estrada-Parque e institui Estrada-Parque Caminho do Colono nesse parque nacional.

(O político paranaense conhecido como Vermelho é dono de uma empresa de pavimentação, como contamos aqui)

O projeto propõe cortar ao meio a última grande reserva da Mata Atlântica no interior do país, o Parque Nacional do Iguaçu, no oeste do Paraná. Em outras palavras, atravessa o trecho mais ecologicamente sensível dessa área protegida, habitada por espécies ameaçadas de extinção como a onça pintada, representando mais um severo retrocesso ambiental no país.

Ao contrário do que diz o texto do projeto, se aprovada, a iniciativa promoverá desmatamento da floresta atlântica – já que a mata tomou contra do que, um dia, foi o Caminho do Colono – e causará graves impactos sociais e econômicos porque vai afetar o turismo na região.

Angela Kuczach, diretora executiva da Rede Pró-UC, entre muitos especialistas, está mobilizada para combater esse retrocesso e destaca, indignada:

“Estamos falando do parque nacional mais emblemático do país. Um dos mais emblemáticos do mundo! Detentor de uma das sete maravilhas da natureza, que é Patrimônio Natural da Humanidade

Abrir a Estrada do Colono é condenar a região de Foz do Iguacu e os 14 municípios no entorno do parque à destruição e o Brasil a mais uma vergonha internacional!

A nossa imagem já está tão desgastada no exterior e, agora, na semana do meio ambiente – num momento em que que o ministro do meio ambiente está sendo investigado por facilitar a venda de madeira ilegal da Amazônia e que existem ataques e mais ataques contra a natureza -, é um escárnio a proposta de tramitação em urgência desse projeto que quer rasgar o Parque Nacional do Iguaçu no meio!”.

Angela lembra que a “estrada do colono” foi condenada na Justiça, em todas as instâncias, nos anos 90, e fechada por decisão judicial por facilitar diversas atividades ilegais como desmatamento, caça, contrabando, tráfico de armas e drogas. “Ao abrir a “estrada do colono”, estaremos sangrando o Parque Nacional do Iguaçu”. 

Ela ainda destaca que “existem notas técnicas do Ministério Público Federal mostrando que a ‘estrada do colono’ não melhora o tráfego de veículos na região (que é uma das alegações do projeto) porque, afinal, não vai diminuir tanto o tempo de trânsito entre um município e outro, considerando limites de velocidade, balsa etc

Se aberta, esta rodovia vai condenar a população da região ao esquecimento, não ao desenvolvimento! Essa estrada nunca levou e nunca vai levar desenvolvimento à região. Além disso, estrada-parque não é estrada dentro de um parque!“.

 Por tudo isso, Angela define a proposta do deputado Vermelho como “um engodo, uma enganação, uma deturpação aos olhos da lei” e garante que todos que defendem a proteção do Parque Nacional do Iguaçu vão “brigar na Justiça, se esse projeto passar!”. E denuncia: “O que o deputado está fazendo é pensando nele e na sua empreiteira de asfaltamento. Não na população que vive na região!”.

Foto: reprodução Facebook Vermelho Deputado Federal

2 comentários em “Parque Nacional do Iguaçu em perigo! Projeto de estrada que corta a reserva ao meio, em pauta na Câmara dos Deputados

  • 9 de junho de 2021 em 9:45 PM
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    Por que, vocês que se dizem “defensores do meio ambiente” e que buscam as mais absurdas alegações contra a reabertura da Estrada do Colono, não fazem um movimento para fechar a estrada das Cataratas, que também fica dentro do Parque Nacional do Iguaçu? Se fecharem aquela estrada não haverá argumentos para reabrir a Estrada do Colono.

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  • 18 de junho de 2021 em 4:40 PM
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    O Projeto é bom. A Estrada existe bem antes da criação do Parque. Não vai desmatar nada, apenas reativar a área onde a estrada já existia. Quem não conhece não sabe o prejuízo que o fechamento causou para essa região, principalmente Serranópolis e Capanema. Perigo com a reabertura?. São os próprios colonos dos arredores que cuidam da boa preservação do Parque!. Um contorno de 200 km toda vez que queremos visitar nossos parentes e amigos que estão a 20, 30 km de distância!. Dá pra conciliar tranquilamente desenvolvimento e preservação, ainda mais sabendo que no lado Argentino, no mesmo Parque existem duas estradas assim e também a Rodovia das Cataratas no mesmo Parque. Abertura já !

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.