OzHarvest Market: pegue o que você precisa, pague o quanto pode

Recém-inaugurado em Sidney, na Austrália, o OzHarvest Market é realmente um “super” mercado, completamente diferente daqueles que estamos acostumados. Nele, não há etiquetas com preços, nem promoções de “pague um e leve dois!”. Na saída, não há caixa registradora, mas apenas uma caixa de doações. Sabe por que? Porque neste mercado o consumidor leva para casa o que precisa e paga o quanto pode.

“É sobre dignidade”, afirma Ronni Kahn, fundadora e CEO da OzHarvest. “É um lugar onde qualquer um pode entrar pela porta, pegar o que necessita e somente dar algo em retorno se puder”.

O OzHarvest Market é o primeiro mercado de graça para pessoas carentes da Austrália. Os alimentos são todos doados por grandes redes de supermercados, padarias, cafés, produtores e fabricantes (mais de 2 mil parceiros). A maioria destes produtos acabaria sendo jogada no lixo, apesar de não ter sua data de validade ainda vencida.

Nos primeiros dias após a inauguração, havia longas filas na porta do mercado australiano. Os atendentes (voluntários) contaram que apesar de tudo ser “gratuito”, as pessoas fazem questão de pagar – o quanto podem – por aquilo que levam para casa.

“Queremos encorajar todos a vir fazer compras aqui, não somente pessoas carentes. Encha a cestinha, faça uma doação, sempre que puder”, ressalta Alicia Kirwan, gerente do OzHarvest Market. Segundo ela, é importante destacar que a loja é tanto para os vulneráveis quanto para aqueles que querem ajudar a comunidade.

O mercado é uma iniciativa da organização OzHarvest, que “salva” alimentos que seriam descartados e os entrega para instituições de caridade. São produtos que apresentam data de validade expirada para serem expostos na prateleira, mas ainda estão perfeitamente bons para o consumo. Infelizmente, em muitos lugares, este tipo de alimento é simplesmente jogado no lixo. “Nossa ideia é chamar a atenção sobre o desperdício de alimentos e mostrar que bondade, generosidade e dignidade estão disponíveis para todos”, diz Ronni.

Ozharvest Market: pegue o que você precisa, pague o quanto pode

“Encha barrigas, não lixeiras”, diz o cartaz

Cada dólar gasto no mercado paga duas refeições para pessoas carentes atendidas pela OzHarvest. O estoque da loja muda constantemente, já que depende de doações. Geralmente, é possível encontrar frutas, hortaliças, pães, massas, arroz, enlatados, produtos de higiene, congelados.

A inspiração para a inauguração do mercado australiano veio do WeFood, um projeto semelhante, na Dinamarca, que mostramos aqui, no começo de 2016, e teve grande repercussão no mundo todo.

Além de alimentos, o OzHarvest de Sidney oferece receitas e dicas culinárias para evitar o desperdício de comida. E todos os dias, prepara uma sopa quente, para aqueles que precisam de uma refeição.

“É hora de sair da caixinha!”, diz Ronni. “Trata-se de dar às pessoas a oportunidade de
mostrar sua bondade, compartilhar seu amor e generosidade”

Estudos recentes comprovam que a humanidade já produz alimentos suficientes para a população global, mas que o principal problema ainda continua sendo o desperdício. Um terço daquilo que é produzido no mundo vai parar no lixo.

Iniciativas como estas, na Austrália e Dinamarca, e outras tantas que vem se espalhando ao redor do planeta (veja algumas delas abaixo), são ótimos exemplos de como garantir, de uma vez por todas, que alimentos bons para o consumo, sirvam para saciar a fome de quem precisa.

Leia também:
Doação de alimentos? Aplicativo conecta supermercados com quem precisa
WeFood: supermercado que só vende produtos fora do prazo de validade é inaugurado na Dinamarca
Feios por fora, bonitos e (deliciosos) por dentro
Alimentos “feios” dão oportunidades a pessoas necessitadas na Espanha
Supermercados italianos terão desconto nos impostos ao doarem alimentos

Fotos: divulgação OzHarvet Market

5 comentários em “OzHarvest Market: pegue o que você precisa, pague o quanto pode

    • 8 de maio de 2017 em 3:59 AM
      Permalink

      Você tem toda razão! Obrigada pela mensagem. Falha minha. Já está corrigido no post.
      Grande abraço,
      Suzana

      Resposta
    • 8 de maio de 2017 em 4:01 AM
      Permalink

      Você tem toda razão! Falha minha. Obrigada pela mensagem. Já está corrigido no post.
      Abraço,
      Suzana

      Resposta
  • 8 de junho de 2017 em 1:05 PM
    Permalink

    Ideia fantástica que me fez pensar em outras coisas que poderíamos doar ao invés de deixar estragar, como por exemplo remédios. Sendo esses materiais tão caros, deveriam ser criados em UBS, farmácias populares e/ou hospitais, locais onde as pessoas pudessem doar remédios que não farão mais uso e que provavelmente terão seu prazo de validade expirado. É verdade que as UBS já doam algumas medicações gratuitamente, mas existem remédios que não são distribuídos e muitas vezes estão em falta nesses locais.

    Resposta
    • 9 de junho de 2017 em 6:34 AM
      Permalink

      Marcia,
      É isso mesmo! Há tantas formas de minimizar o desperdício que ainda precisamos investir em novas soluções. Sobre remédios, eles podem ser doados para asilos e instituições de caridade. O que acontece é que pouca gente sabe.
      Grande abraço e obrigada pela mensagem,
      Suzana

      Resposta

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.