ONU acusa Reino Unido de menosprezar saúde da população diante de índices de poluição inaceitáveis

ONU acusa Reino Unido de menosprezar saúde da população diante de indíces de poluição gravíssimos

“A poluição do ar continua a flagelar o Reino Unido. Estou alarmado que, mesmo após diversas ações legais, o governo britânico continue a menosprezar sua obrigação de assegurar a qualidade do ar e proteger o direito à vida e à saúde de seus cidadãos. Ele está violando suas obrigações”.

O parecer acima foi dado por Baskut Tuncak, emissário das Nações Unidas responsável por elaborar um relatório especial sobre a poluição no Reino Unido. O material, que será apresentado esta semana, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, foi obtido com exclusividade pelo jornal The Guardian.

Desde o começo de 2017, o governo britânico tem recebido duras críticas – internas e externas – sobre sua falta de ação para combater a poluição, responsável por 40 mil mortes prematuras por ano, um custo aos cofres do sistema público de saúde de algo em torno de 20 bilhões de libras. O problema é pior na capital, Londres, mas também afeta diversas outras grandes cidades.

Um estudo divulgado no ano passado revelou que, além de crianças e idosos, que naturalmente sofrem mais com o enorme volume de poluentes no ar, comunidades de negros, caribenhos e africanos, imigrantes residentes em áreas pobres de Londres, são mais afetados que brancos pela exposição ao dióxido de nitrogênio (NO2). Isso porque estas minorias vivem em bairros onde a concentração deste e outros gases poluentes é maior.

Nestas localidades, os níveis de NO2 mostrados pelo levantamento são acima do limite aceito pela União Europeia. O dióxido de nitrogênio está ligado com doenças como asma, derrames e ataques cardíacos

Em julho, noticiamos no Conexão Planeta, o anúncio do tão aguardado Air Quality Plan do governo da primeira-ministra Theresa May, em que foi estabelecido que, a partir de 2040, será proibida a venda de carros a gasolina e a diesel.

Apesar de parecer uma boa notícia, houve diversas críticas sobre o prazo tão longínquo – só em 23 anos – e se o Reino Unido estará realmente preparado em sua matriz energética para esta nova realidade, ou seja, atender a demanda para a recarga de uma frota de veículos exclusivamente elétricos. Atualmente há 10 milhões de veículos a diesel na Grã-Bretanha. Em 2000, eram 3,2 milhões. Os elétricos só correspondem a 1% das vendas nos dias de hoje.

Um dos que levantou a voz para falar contra o plano da primeira-ministra foi o prefeito de Londres, Sadiq Khan. “Um compromisso pela metade não é suficiente”, afirmou. “A população de Londres que já sofre agora não pode esperar até 2040”.

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Foto: Tuan Hoang Nguyen/Creative Commons/Flickr

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.