Nada como uma boa notícia para uma sexta-feira e assim, a gente caminha com mais alegria rumo ao final de semana. As boas novas vêm lá do Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, onde a equipe do Projeto Onças do Iguaçu monitora a população de onças-pintadas da região. Como contamos em julho do ano passado, armadilhas fotográficas registraram a presença de dois novos filhotes por lá. Ambos estavam acompanhados da mãe, Janaína, e tinham cerca de cinco meses de idade. Todavia, quatro meses depois, em novembro, imagens das câmeras mostravam ela caminhando com apenas um deles.
O time do Onças do Iguaçu ficou temeroso então que um dos filhotes tivesse morrido porque, infelizmente, nem todas as oncinhas que nascem chegam a se tornar adultas.
Mas no início de abril Janaína foi avistada novamente e no vídeo ela volta a aparecer com seus dois filhotes. Que alívio!
“É uma surpresa maravilhosa: um registro da Janaína com os dois filhotes, agora já com cerca de um ano e meio”, compartilhou o Onças do Iguaçu em suas redes sociais. “Esse registro que mostra a sobrevivência dos dois filhotes é um sinal de esperança para a conservação da espécie na região”.
Os filhotes de onça-pintada ficam com a mãe até terem aproximadamente dois anos de idade, depois
dispersam e vão buscar seus próprios territórios. Não se sabe ainda o sexo dos dois novos moradores do Parque Nacional do Iguaçu.
E uma curiosidade: em tupi-guarani um dos significados do nome Janaína é “protetora do lar”.
As onças do Parque Nacional do Iguaçu
Estima-se que restem na Mata Atlântica apenas entre 230 e 300 onças-pintadas. Um terço delas está justamente na área que abrange o Parque Nacional do Iguaçu e reservas adjacentes do lado argentino. Esta é a única população da espécie neste bioma que, historicamente, tem apresentado crescimento. Uma reviravolta histórica graças a esforços de conservação.
No começo dos anos 2000, notou-se uma grande queda no número de indivíduos naquela região. Em 2009, acreditava-se que sobravam somente entre nove e onze onças. Mas gradativamente, a situação foi melhorando. Em 2014, um censo revelou a presença de 17 indivíduos. Dois anos mais tarde já eram 22, e em 2018 foram contabilizadas 28 delas.
Todavia, o último censo apontou uma estabilidade. No parque brasileiro, o número médio é de 24 animais (entre 20 e 28). “Apesar da estimativa média ter sido menor que a de 2018, isso estatisticamente não representa uma redução significativa, e sim uma estabilidade da população”, explica Yara Barros, coordenadora executiva do Onças do Iguaçu.
Já no chamado Corredor Verde, área situada entre a fronteira da Argentina com o Brasil, estima-se que sejam 90 animais (entre 76 e 106).
A onça-pintada (Panthera onca), também chamada de jaguar, originalmente era encontrada desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina.
Atualmente, a espécie está oficialmente extinta no território americano, é muito rara no México, mas ainda pode ser vista na Argentina, Paraguai e Brasil e também em pequenas áreas de países como Belize.
A onça-pintada é o maior felino das Américas
(Foto: Leonardo Ramos, CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons)
*O Projeto Onças do Iguaçu é um projeto institucional do ICMBio, desenvolvido em parceria pelo
Parque Nacional do Iguaçu e o Instituto Pró Carnívoros, e tem como missão a conservação da onça-pintada como uma espécie chave para a manutenção da biodiversidade do Parque Nacional do Iguaçu
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Foto de abertura: reprodução vídeo