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Observar, com intenção e atenção, nos transforma

O que é observar? É prestar atenção a um mesmo elemento e ir progressivamente percebendo mais e mais características dele. É também perceber como a observação transforma você também, pois, quanto mais nos dispomos a dedicar um tempo à simplesmente observar, mais nossa capacidade para essa prática se aprimora.

Isso também tem a ver com temperamento. Tem gente que tem mais facilidade para focar a atenção em um mesmo elemento e para outras pessoas isso requer um esforço maior. As crianças tendem a ser muito boas observadoras, sobretudo se tiverem oportunidade de se deixar levar pelo seu interesse e se não tiver, por perto, outras pessoas distraindo sua atenção e a atraindo para outras coisas. E quando elas observam algo pela primeira vez? Um olhar de descoberta que pode inspirar e nortear as observações dos adultos.

Quando um adulto tem o gosto, o prazer e a capacidade de focar sua atenção para fazer descobertas, pode ajudar as crianças a olhar para os seres vivos de uma forma viva, ou seja, de um jeito em que as descobertas se tornam infinitas. Isto porque todo ser vivo está em estado de permanente de ‘vir a ser’. Está como que continuamente dançando a vida. Se movimentando sem parar. E, como todos nós estamos nesse movimento, fica difícil reparar no movimento dos outros. Mas podemos fazer isso com intenção e atenção.

A gente até pode olhar para os outros seres vivos como se fossem formas fixas (esse é o olhar que costumamos ter, aprendemos assim em nossa cultura) ou olhar para o processo de formação de cada ser. Fazer isso com as plantas é mais fácil do que com as rochas ou com os animais, pois elas têm um ritmo mais perceptível que as rochas e ficam paradinhas no mesmo lugar pra gente poder observar, o que seria mais complicado com os animais.

Durante nossas experiências com as Caixas da Natureza – projeto no qual propomos o envolvimento coletivo e a observação da natureza por meio da escolha de materiais naturais compartilhados entre grupos –, temos recebido relatos de famílias e outros tipos de grupos que aprimoraram registros e observações da natureza ao seu redor. Foram descobertas de crianças e adultos registradas por desenhos, fotos e também por meio das percepções de seu corpo.

Então, tivemos vontade de propor, aqui, uma sugestão de exercício de observação.

Pegue um vasinho com uma planta e deixe-o perto de você, de forma a facilitar sua observação diária. Se for possível, estabeleça um horário para observá-la. Em um caderno, anote as características novas que você for descobrindo. Podem ser tanto as que acabaram de brotar como as que já existiam, mas se transformaram, de acordo com sua percepção. E, assim, você vai percebendo como ambas estão intrincadas.

Quando estiver com uma criança, ajude-a a olhar de forma fluida para a planta, sentindo o movimento que ela faz ao se desenvolver. Em vez de uma planta num vaso em casa, você pode ‘adotar’ uma árvore que existe perto de onde mora ou no caminho para a escola dos filhos ou do seu trabalho, do mercado… Observe-a com frequência e registre tudo.

Acredite: há uma força interna que toca a música que faz a planta fazer seu movimento e ser quem ela é. As plantas podem nos ajudar a perceber isso em nós mesmos, o que pode fazer emergir sentimentos de encantamento, admiração, reverência e gratidão. Depois, é só transportar tudo isso para o mundo, para o dia a dia. Ele só pode ficar melhor, assim.

Foto: Renata Stort

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