O que você pode fazer pela igualdade de gênero na infância?

O que você pode fazer pela igualdade de gênero na infância?

“Futebol é brincadeira para menino!”, “Rosa é cor de menina”. Certamente você já deve ter ouvido alguma frase parecida como estas acima. São estereótipos criados ao longo dos últimos séculos e que serviram para aumentar a desigualdade de gêneros e reforçar o machismo na nossa sociedade.

Para alertar os brasileiros sobre pequenos hábitos e atitudes, que temos no nosso dia a dia, mesmo sem perceber, a organização não-governamental Plan International Brasil lançou a campanha #DesafiodaIgualdade.

Com a pergunta O que você pode fazer pela igualdade de gênero na infância?, a entidade quer abrir os olhos da população e fazê-la refletir sobre como estamos educando nossas crianças. “O machismo é reforçado todos os dias por cada um de nós, mesmo inconscientemente. Os meninos não podem fazer atividades domésticas, as meninas não podem brincar de bola”, destaca Anette Trompeter, diretora nacional da Plan International Brasil. “Com essa iniciativa, estamos propondo à sociedade a quebra desse estereótipo, e que comece dentro de nossas casas, nas salas de aulas, nos espaços de convivência. Precisamos criar ambientes com direitos e oportunidades iguais para todos, meninos e meninas”.

Através de um filme de animação, divertido e inteligente, que você assiste ao final deste post, a campanha mostra como, em pleno século 21, garotos e garotas ainda são tratados de forma desigual. “Esta realidade só será mudada quando a sociedade começar a questionar seus hábitos, mudar o comportamento e começar desde cedo a educar as crianças para a igualdade de gênero”, defende a Plan International Brasil.

A “sensação” de que estamos criando nossos filhos de forma errada se reflete em estatísticas. Segundo a Plan International, dados confirmam que a desigualdade de tratamento iniciada na infância gera impactos por toda a vida. E estimula a violência! No Brasil, 500 mil mulheres são vítimas de estupro por ano. 2/3 delas são meninas menores de 13 anos. E mais, 19% das mulheres que dão à luz no país são adolescentes entre 14 e 19 anos. Na política brasileira, elas ocupam menos de 10% dos cargos públicos.

Outros exemplos, em demais países, provam como a educação diferenciada na infância tem resultados perversos. Das 110 milhões de crianças que não vão à escola no mundo, 2/3 são meninas.

E como mudar este cenário? A campanha #DesafiodaIgualdade sugere uma série de ações a serem colocadas em prática pela sociedade: em nossas casas, nas escolas – por professores e educadores –, enfim, todos juntos olhando para o tema como algo essencial para acabar de uma vez por todas com o machismo e para que, homens e mulheres sejam respeitados da mesma maneira nas próximas gerações.

No site da campanha #DesafiodaIgualdade estão disponíveis materiais de apoio que servem de ferramentas para sensibilizar, inspirar e apoiar as pessoas a encarar esse desafio em sua rotina. São vídeos, documentários e webséries que podem ser baixados online.

8 fatos que as crianças precisam saber sobre gênero:

  1. Ninguém deve ser discriminado por ser menina ou ser menino, do mesmo modo que por questões de raça ou classe social. Todas as pessoas merecem respeito;
  2. Meninas e meninos têm os mesmos direitos. Em casa, na escola, na quadra, em qualquer lugar;
  3. Não existem brinquedos de menino e brinquedos de menina, assim como não existem coisas de menino e de menina. Todo mundo pode brincar do que goste, e isso ajuda as crianças a se desenvolver plenamente;
  4. Tanto as meninas quanto os meninos precisam de cuidados. E cuidar – da casa, das crianças, dos animais, por exemplo – é algo para todas as pessoas;
  5. Meninas e meninos têm o direito de expressar seus sentimentos livremente. Inclusive chorando;
  6. Meninos e meninas têm direitos iguais de usar os espaços públicos, de expressar seus desejos e opiniões;
  7. Ninguém tem o direito de tocar o corpo delas sem autorização. Cada criança é dona de seu próprio corpo e precisa ter autonomia sobre ele;
  8. O machismo é ruim para as meninas e para os meninos também, pois restringe a liberdade e o potencial das pessoas.

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Imagem: reprodução vídeo Youtube

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.