O que o Fundo Verde está fazendo pelo clima no mundo?

A entidade da  Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a GDF, reservou  US$ 10 bilhões para o Fundo Verde do Clima investir em projetos prioritários. O fundo é um mecanismo de financiamento que apoia países em desenvolvimento a cumprir o acordo climático de Paris.

As ações já começaram. Até o momento, US$ 1,2 bilhões estão sendo investidos em 27 projetos na Ásia, na África, na América Latina, na Europa e em países do Pacífico. E há motivos para comemorar, de acordo com reportagem publicada no Climate Home.

Conheça, então, um pouco sobre seis projetos do GCF que aumentam a resistência do meio ambiente e da população às mudanças climáticas:

1 – Proteção e restauração das áreas alagadas do Peru
Dióxido de carbono não emitido: 2,6 milhões de toneladas
Investimentos: US$ 9,1 milhões, sendo US$ 6,2 milhões do GCF
Gerente de projetos: Fundo Fiduciário Peruana de Parques Nacionais e Áreas Protegidas

Os pântanos do país mantêm um estoque de carbono estimado em cerca de 3,78 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) em 4,8 mil hectares de veredas e mais de 343 mil hectares de turfeiras e florestas. O projeto vai ajudá-lo a se manter de pé reforçando práticas sustentáveis de manejo, o comércio de empresas que trabalham com produtos florestais não-madeireiros e fortalecer comunidades indígenas na gestão de seus recursos, melhorando a subsistência.

2 – Infraestrutura de resiliência do clima em BangladeshPessoas impactadas: 10,5 milhões

Investimentos: US$ 80 milhões, sendo US$ 40 milhões do GCF
Gerente de projetos: Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW).

A construção de um centro nacional de excelência para a infraestrutura de resiliência climática tem facilitado o desenvolvimento de construções orientadas para este fim. Atualmente são 45 novos abrigos contra ciclones e a renovação de 20 abrigos existentes, em uma região vulnerável às mudanças climáticas.

Os novos abrigos serão usados como escolas primárias quando as condições climáticas estiverem sob controle, oferecendo 45 escolas adicionais para cerca de 18 mil crianças. Os recursos também estão sendo investidos na melhoria de 80 km de estradas de acesso crítico para os abrigos rurais.

3 – Resiliência climática e gestão de água nas Maldivas
Pessoas impactadas: 295 mil
Investimentos: US$ 28,2 milhões, sendo US$ 23,6 milhões do GCF
Gerente de Projeto: Programa de Desenvolvimento da ONU (UNDP)

O projeto vai ampliar um sistema integrado de abastecimento de água com base na água da chuva, água subterrânea e água dessalinizada, partes de um sistema de entrega de baixo custo para famílias em situação de vulnerabilidade. A ação também inclui a oferta de alimentos às populações de 49 ilhas que atualmente dependem do abastecimento de água de emergência durante três meses do ano. Quatro ilhas terão estruturas para contribuir para a melhoria da rede de distribuição de água durante a estação para os sistemas de abastecimento locais.Autoridades governamentais locais e centrais capacitadas irão fortalecer a gestão e a eficiência destes sistemas. A qualidade das águas subterrâneas também será melhorada.

4 –  Restauração florestal na Gâmbia
Pessoas impactadas: 57,8 mil
Investimentos: US$ 25,5 milhões, sendo US$ 20,5 milhões do GCF
Gerente de projetos: Programa Ambiental da ONU (UNEP)

O projeto é restaurar florestas degradadas e paisagens agrícolas na Gâmbia, com árvores resistentes ao clima, em parceria com empresas privadas comprometidas com a proteção do meio ambiente e com o desenvolvimento da economia baseada na sustentabilidade. Paisagens agrícolas e ecossistemas degradados, incluindo florestas, manguezais e savanas estão sendo restaurados por meio de espécies arbóreas e arbustivas resistentes ao clima em pelo menos 10 mil hectares.

5 – Reforço ao Lago Glacial no Paquistão
Pessoas impactadas: 29,2 milhões
Investimentos: US$ 37,5 milhões, sendo US$ 37 milhões do GCF
Gerente de Projeto: Programa de Desenvolvimento da ONU (UNDP)

O aumento das temperaturas e o derretimento de geleiras criou lagos glaciais no norte do Paquistão. Com isso, aumentou o risco de eventos de inundação, ameaçando mais de sete milhões de pessoas. Com novos sistemas de alerta, estruturas de engenharia e políticas de gestão de desastres o risco será minimizado, protegendo as comunidades locais com a antecipação de eventos perigosos. São três mil novos lagos glaciais com o derretimento das geleiras, 33 deles propensos a resultar em inundações.

Com o projeto, serão construídas 250 estruturas de engenharia, incluindo barragens e mecanismos de vazão e drenagem. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de políticas de gestão de desastres e a introdução de estações de monitoramento, medidores de inundação, modelagem hidrológica e de alerta precoce irão aumentar a capacidade de responder rapidamente a situações de emergência.

6 – Gestão de inundações urbanas no Senegal
Pessoas impactadas: 2 milhões
Investimentos: US$ 79,2 milhões, sendo US$ 16,7 milhões do GCF
Gerente de projetos: Agence Française de Développement (AFD)

O Senegal está sofrendo um rápido processo de urbanização, que aumenta o risco de eventos de inundação e desastres naturais. A capital Dakar abriga 25% da população do país em uma área pequena. A cidade está mapeada como uma região que sofrerá com chuvas intensas frequentes, com consequências sociais e econômicas. Gerenciar as inundação é uma parte importante da estratégia de redução do risco de desastres. Construir barreiras que resistam às inundações é uma prioridade do governo local e também do fundo. O projeto vai fortalecer a infraestrutura e a governança do país e colocá-lo na vanguarda das enchentes a política de gestão da África Ocidental.

Este texto foi publicado originalmente no site do Observatório do Clima, em 18/5/2017

Foto: Andrew Holland/Divulgação (refugiados climáticos em Bangladesh)

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Observatório do Clima

Fundado em 2002, o OC é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com mais de 70 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil