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“O planeta não nos pertence, nós pertencemos ao planeta”, alerta Charles na COP28

"O planeta não nos pertence, nós pertencemos ao planeta", alerta Charles na COP28

Por causa de seu ativismo ambiental ao longo de toda a vida, o Rei Charles foi convidado para ser o primeiro a discursar no evento que reuniu hoje alguns dos principais líderes mundiais na Conferência das Mudanças Climáticas da ONU, a COP28, que está sendo realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Logo após a fala de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, o monarca do Reino Unido subiu ao palco e fez um discurso contundente e ao mesmo tempo, apaixonado pelo planeta. Ele começou relembrando que há oito anos esteve na COP15, na França, quando foi fechado o Acordo de Paris, pelo qual quase 200 países se comprometeram a reduzir emissões de gases de efeito estufa. Infelizmente, desde então, nada significativo foi alcançado nesse sentido.

“Rezo de todo o coração para que a COP28 seja outro momento de virada crítico para uma ação transformacional genuína, num momento em que, como os cientistas têm alertado há tanto tempo, assistimos a sinais alarmantes”.

Charles relembrou que sempre usou sua voz para alertar sobre as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade, assim como tantos outros.

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“Mas apesar disso, há 30% mais dióxido de carbono na atmosfera agora do que naquela época, e quase 40% mais metano. Alguns progressos importantes foram feitos, mas preocupa-me muito que continuemos tão terrivelmente distantes do caminho.”

O monarca ressaltou como os efeitos da crise climática não são mais algo distante, mas podem ser vistos nos dias de hoje, como enchentes sem precedentes que atingem países como a Índia e o Paquistão, e as secas históricas no leste da África, além dos incêndios florestais jamais vistos em parte da Europa e no Canadá, onde 18 milhões de hectares de vegetação foram queimados e com eles toneladas de carbono liberadas na atmosfera.

“Estamos realizando uma experiência vasta e assustadora para mudar todas as condições ecológicas, a um ritmo que supera aquele da natureza poder se restabelecer, e levando o mundo natural para fora das normas e limites e para um território perigoso e desconhecido”, alertou Charles. “A não ser que restauremos a economia única da natureza, baseada em harmonia e equilíbrio, da qual dependemos, a nossa própria economia e sobrevivência estará em risco”.

O rei reforçou a necessidade de investirmos numa economia carbono zero, sem dependência de combustíveis fósseis.

“Em 2050 nossos netos não perguntarão sobre o que falamos, eles viverão com as consequências do que fizemos ou deixamos de fazer… Precisamos nos lembrar o que a sabedoria indígena nos ensina, que estamos todos conectados, não apenas como seres humanos, mas com todos os seres vivos e o que sustenta a vida nesse sistema sagrado. A harmonia com a natureza precisa ser mantida. O planeta não nos pertence, nós pertencemos ao planeta”, finalizou.

Apesar do discurso forte, Charles tem sido ofuscado pelo governo desastroso do primeiro-ministro Rishi Sunak, que tem aprovado medidas anti-ambientais, como a liberação da exploração de petróleo no Mar do Norte.

O rei, que tem apenas uma posição simbólica no Reino Unido, também foi criticado por viajar até Dubai num jato particular, separado de Sunak.

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Foto de abertura: COP28 / Christophe Viseux

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