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O emocionante ato pela democracia em SP reúne milhares de pessoas e ganha protesto contra a fome: “Não existe democracia de barriga vazia!”

O comovente ato pela democracia em SP reúne milhares de pessoas e ganha protesto contra a fome: "Não existe democracia de barriga vazia!"

Hoje, milhares de pessoas lotaram o prédio e o Pátio das Arcadas da Faculdade de Direito da USP e o o Largo do São Francisco, no centro de São Paulo, para participar do ato pela democracia, organizado pela instituição, durante o qual foi lida a ‘Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, que está com quase um milhão de assinaturas.

(no dia do ato da democracia, em 11 de agosto, o site da Carta registrou, pouco antes da meia noite, mais de 1 milhão e 15 mil assinaturas; agora, às 11h37 de 12 de agosto, está com1.047.353).

Personalidades da faculdade, da área jurídica e representantes da sociedade civil (Coalizão Negra por Direitos, Frente Brasil Popular e Uniafro, entre elas) discursaram no Salão Nobre, onde foi lido o manifesto da Fiesp, intitulado Em Defesa da Democracia, que tem o apoio de 107 instituições, entre elas associações empresariais, universidades, ONGs e centrais sindicais, e foi lançado hoje. 

Em seguida, no Pátio das Arcadas (na foto abaixo, à direita), mesmo local em que Goffredo da Silva Telles Jr. leu a Carta de 1977, de sua autoria (contei aqui), foi realizada a leitura da Carta aos Brasileiros. Do lado de fora da faculdade (na foto, à esquerda), no Largo São Francisco, um ‘mar de gente’ acompanhou pelo telão.

A atriz, poeta, pesquisadora e produtora cultural Roberta Estrela D’alva foi quem conduziu esta parte do ato, apresentando quem participaria da leitura da Carta: Eunice de Jesus Prudente, professora da Faculdade de Direito da USP e da Faculdade Zumbi dos Palmares; Maria Paula Dallari Bucci, professora da Faculdade de Direito da USP; Flavio Flores da Cunha Bierrenbach, ex-ministro do Tribunal Superior Militar; e Ana Elisa Liberatore Bechara, professora e vice-diretora da Faculdade de Direito da USP.

Ao final da leitura, Roberta declarou: “Este é o compromisso de mais de 900 mil pessoas que assinaram essa carta, e em breve seremos milhões, afirmando e reafirmando que se, em algum momento, a democracia estiver em risco, nos juntaremos para dizer em alto e bom som que esse país tem memória. Ditadura nunca mais. Tortura nunca mais. Estado de Direito Sempre!“.

Vista aérea da celebração no Pátio das Arcadas (à direita) e no Largo São Francisco (à esquerda) / Foto: Paulo Rapoport para o coletivo Fotógrafas e Fotógrafos pela Democracia
O comovente ato pela democracia em SP reúne milhares de pessoas e ganha protesto contra a fome: "Não existe democracia de barriga vazia!"
Faixas exaltavam a democracia no Pátio das Arcadas / Foto: Roberto Parizotti para Fotos Públicas
O comovente ato pela democracia em SP reúne milhares de pessoas e ganha protesto contra a fome: "Não existe democracia de barriga vazia!"
Alguns dos signatarios da Carta de 1977 ficaram sentados no palco para acompanhar a leitura da ‘nova carta’ no Pátio das Arcadas / Foto: Roberto Parizotti para Fotos Públicas

Daniela Mercury apareceu em uma das sacadas do prédio da faculdade de direito para falar com a multidão e convidou todos a cantarem ‘Canto da Cidade’, uma de suas músicas mais conhecidas, ressignificada: “O canto da diversidade é meu, a cor deste país sou eu, o canto de São Paulo é meu! Viva o Estado Democrático de Direitos, sempre!” (assista no final deste post).

Daniela Mercury discusa para a multidão no Largo São Francisco / Foto: Elineudo Meira (Fotografia 75) para o coletivo Fotógrafas e Fotógrafos pela Democracia

“Sem comida, não há democracia!”

No Largo São Francisco, antes da leitura da carta, outra manifestação convidava para o engajamento na causa mais urgente da atualidade: o combate à fome.

Uma mesa gigante, montada no local pelo movimento Banquetaço – composto por chefs de cozinha, estudantes e integrantes do MST (Movimento dos Sem-Terra) –, exibia pães diversos, organizados de forma a escrever a palavra DEMOCRACIA (veja o vídeo que reproduzo no final deste texto). Todos foram doados para pessoas em situação de vulnerabilidade social na região.

A mesa do Banquetaço pronta para o protesto / Foto: Annelize Tozetto para Mídia Ninja

Durante o protesto chamado de Partilha dos Pães pela Democracia, os ativistas bradaram uma espécie de slogan: “Com barriga vazia, não existe democracia”. E acrescentaram que “Não há mais espaço para retrocessos e precisamos reconstruir juntos um Brasil SEM FOME, pois sem comida não há democracia”.

Democracia na mesa do Banquetaço / Foto: Douglas Mansur para o coletivo Fotógrafas e Fotógrafos pela Democracia
Os pães do Banquetaço / Foto: Annelize Tozetto para Mídia Ninja

Mais cedo, enquanto ajudava a montar a mesa para o protesto pacífico, a chef Neka Menna Barreto, muito sorridente, declarou ao movimento Gente é pra Bilhar, no Instagram:

“Estamos aqui por liberdade absoluta, é lei, não dá pra viver sem”. E acrescentou: “Estou aqui para “lutar como se sonha!”. 

Também se juntaram ao protesto representantes de diferentes religiões – cristãs, islâmica e de matriz africana -, em um ato ecumênico (foto abaixo).

“Quem é religioso de verdade e se preocupa com o bem comum sempre estará em manifestações pelo direito democrático e pelo Estado laico, que garantem a religiosidade de todos”, declarou Levi Araújo, pastor batista, ao UOL.

Representantes de diferentes religiões se juntaram ao protesto do Banquetaço / Foto: Annelize Tozetto para Mídia Ninja

Outros atos e o futuro

O ato pela democracia ganhou manifestações em outros pontos de São Paulo, como a PUC/SP, e também em universidades de outras cidades, que, em algumas instituições acontecerão à noite.

Trata-se, sem dúvida, da mais ampla manifestação pela democracia sob o governo de Bolsonaro, que ocorre com seis anos de atraso.

Leitura da Carta no Pátio das Arcadas / Foto: Roberto Parizotti, Fotos Públicas
A multidão no Largo São Francisco acompanha a leitura da Carta / Foto: Annelize Tozetto para Mídia Ninja

Se, em 2016, os brasileiros tivessem compreendido que o impeachment da presidenta Dilma Roussef – eleita democraticamente – representava um enorme risco à democracia, teriam ido às ruas manifestar sua insatisfação em relação a seu governo, como cidadãos, mas aguardado as próximas eleições para tirá-la do poder por meio do voto, nas urnas. 

Que estes anos sombrios, em especial sob a gestão de Bolsonaro, possam ser banidos a partir do resultado das próximas eleições: não só ao eleger um outro presidente (Fora Bolsonaro!), mas também representantes que formem um novo Congresso Nacional, que seja pautado pela justiça.

Em defesa da democracia e pelo respeito às eleições! / Foto: Elineudo Meira (Fotografia 75) para o coletivo Fotógrafas e Fotógrafos pela Democracia

Que os parlamentares que, hoje, representam interesses escusos e compõem as chamadas bancadas da Bíblia, da Bala e do Boi e o inadmissível Centrão – todos apoiadores do atual presidente -, sejam expurgados e substituídos por deputados federais e senadores comprometidos com o povo, que representem os negros, os indígenas, as mulheres, que lutem pela educação, pela saúde, pela ciência, pelos direitos humanos, pela biodiversidade e por um futuro justo e sustentável.

Este 11 de agosto de 2022 é certamente um novo marco para a história da democracia no Brasil.

Agora assista ao registro da leitura da Carta e, em seguida, aos vídeos que apresentam momentos da mobilização, e do Banquetaço registrados por profissionais do coletivo Fotógrafas e Fotógrafos pela Democracia.

Foto (destaque): Roberto Parizotti/Fotos Públicas

Fonte: Faculdade de Direito USP, G1, UOL, movimento Gente é pra Brilhar

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