O amor está no ar: Flórida alerta moradores sobre época de acasalamento de jacarés

O amor está no ar: Flórida alerta moradores sobre época de acasalamento de jacarés

O estado americano da Flórida é conhecido pelo clima ameno, suas praias, a grande população latina residente por lá, os parques da Disney e… por seus jacarés e crocodilos. Eles são comumente observados ali porque encontram na região um habitat perfeito para viverem, com uma vegetação predominante de pântanos, mangues, rios e lagos.

Dos cerca de 5 milhões de indivíduos da espécie Alligator mississippiensis, o jacaré-norte-americano, que habitam o sudeste dos Estados Unidos, 1,2 milhão estão na Flórida. Já os crocodilos são mais raros, em número bem menor.

A convivência entre moradores do estado e esses répteis é pacífica e há pouquíssimos relatos de acidentes com os animais (foram 26 mortes registradas nos últimos 70 anos), talvez porque as pessoas estejam acostumadas com a sua presença e seguem as recomendações das autoridades, como por exemplo, não oferecer alimentos e não se aproximar dessas criaturas (e nunca caminhar com seus cães próximos demais de lagos e rios).

Nas últimas semanas, um novo alerta foi dado pelo Florida Fish and Wildlife Conservation Commission: começou a época de reprodução dos jacarés. Com isso, eles ficam mais ativos e podem ser vistos mais próximos de áreas urbanas, como foi o caso de um casal flagrado em seu quintal por um morador da cidade de Bradenton, que filmou o “namoro” (no vídeo abaixo).

Já em Tampa, um jacaré foi encontrado embaixo de um carro. Uma equipe da polícia local foi acionada para fazer o resgate do animal, que media mais de 3 metros.

É neste mês, em abril, que começa o ritual de namoro entre os jacarés e o acasalamento ocorre em maio ou junho. Depois disso, as fêmeas constroem um ninho e depositam uma média de 32 a 46 ovos no final de junho ou início de julho. A incubação requer aproximadamente 63 a 68 dias e os filhotes começam a nascer em setembro.

Em geral, os jacarés medem pouco mais de 4 metros, mas no Parque Nacional de Everglades, na Flórida, já foi encontrado um indivíduo que tinha mais de 5 metros. Esses animais podem pesar mais de 350 kg.

Qual a diferença entre um jacaré e um crocodilo?

O sul da Flórida é o único lugar onde o crocodilo-americano (Crocodylus acutus) e o jacaré-americano (Alligator mississippiensis) convivem juntos na natureza.

Apesar de serem muito parecidos, esses répteis pertencem a famílias diferentes. Os crocodilos são da família Crocodilidae e os jacarés, da Alligatoridae. A primeira possui quatorze espécies diferentes, a segunda se divide em oito. No Brasil, não existem crocodilos.

O amor está no ar: Flórida alerta moradores sobre época de acasalamento de jacarés

Jacarés dependem de fontes externas de calor para regular sua temperatura corporal. Eles fazem isso tomando sol ou se mudando para áreas com ar ou água mais quentes ou mais frias

A principal diferença entre esses dois animais pode ser percebida em sua anatomia. Os jacarés têm um focinho em forma de U, mais largo e arredondado, enquanto os crocodilos possuem um focinho em forma de V, mais pontudo. Já nesses últimos, o quarto dente fica protuberante no maxilar inferior, enquanto que nos jacarés ele se encaixa em uma cavidade na mandíbula superior quando fechada, de modo que a sua ponta fica escondida.

Além disso, os crocodilos apresentam nas escamas do ventre os chamados poros glandulares, característica ausente nos jacarés. Outra distinção entre ambos foi relatada por pesquisadores japoneses, em 2018, que descobriram que os jacarés tendem a ter ossos do úmero mais curtos em seus membros anteriores e fêmures mais curtos em seus membros posteriores do que os crocodilos.

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Fotos: Kyaw Tun (abertura) e Nasa/rawpixel

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.