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Novo recorde de desmatamento na Amazônia – 877 km2 – desmente delegação brasileira na COP26, em Glasgow

Novo recorde de desmatamento na Amazônia - 877 km2 – desmente delegação brasileira na COP26, em Glasgow

Mais uma vez, o Brasil registra recorde de desmatamento na Amazônia! Mais precisamente na área conhecida como Amazônia Legal, que compreende oito estados inteiros (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão, representando 59% do território nacional. 

De acordo com os dados divulgados, hoje, 12/11, pelo Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em outubro, foram devastados 877 km2, que traduzem alta de 5% em relação aos dados do mesmo mês em 2020. 

Os alertas foram feitos pelo Deter – Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, do Inpe, que atua em áreas acima de 0,03 km², produzindo sinais de alteração na cobertura florestal diariamente (o sistema cobre tanto áreas em processo de degradação – devido a queimadas, ação de grileiros, madeireiros e garimpeiros, entre outras – e áreas totalmente destruídas).

O Pará foi o estado que mais desmatou – 501 km2 –, seguido pelo Amazonas (116 km2), Mato Grosso (105 km2), Rondônia (100 km2), Acre (40 km2), Roraima (8 km2), Maranhão (4 km2), Amapá (2 km2) e Tocantins (1 km2).  

“Futuro verde”

A divulgação desses números pelo Inpe hoje tem uma importância ainda mais especial, pois acontece no último dia da 26ª. Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP26, e dois dias depois que o ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, declarou, nessa conferência, que o Brasil “já” vive um “futuro verde”. 

Obviamente que, em sua performance, ignorou o desmatamento real. E ele ainda fugiu das perguntas incisivas da imprensa.

Nenhuma surpresa. Apesar da conhecida política antiambiental do governo Bolsonaro, os negociadores brasileiros têm tentado construir uma imagem de país comprometido em combater a crise climática

Para “solidificar” essa imagem, assinou acordos multilaterais contra o desmatamento e emissões de metano. E, para dar base a suas negociações ainda conta com o apoio de representantes do agronegócio e da indústria, que integram a delegação brasileira. A cara do governo.

No entanto, como destaca o Observatório do Clima (OC) – rede que reúne 70 organizacoes ambientalistas, movimentos sociais e institutos de pesquisa em torno da agenda climática, e está na conferência da ONU –, os novos dados do Deter são “um lembrete de que o Brasil que circula pelos corredores e pelas salas da COP26 em Glasgow, é o mesmo onde grileiros, madeireiros ilegais e garimpeiros têm licença do governo para destruir a floresta”. 

A organização destaca: “O governo ainda não divulgou o Prodes neste ano — dado oficial do desmatamento, também medido pelo Inpe, de agosto de um ano a julho do ano seguinte, costuma estar disponível no começo de novembro”. 

Em seu site, a OC lembra que o “Brasil real” de que falou Leite na COP26, na verdade, “é um país que desmontou as políticas de combate ao desmatamento, maior causa de emissões de gases de efeito estufa, que gastou centenas de milhões de reais em operações militares inócuas e que tem ao menos cinco projetos de lei no Congresso que anistiam o roubo de terras, acabam com o licenciamento ambiental e ameaçam as terras indígenas, barreiras mais eficazes contra a devastação”. 

Marcio Astrini, secretário-executivo da organização, completa: “As emissões acontecem no chão da floresta, não nas plenárias de Glasgow. E o chão da floresta está nos dizendo que este governo não tem a menor intenção de cumprir os compromissos que assinou na COP26”.

E Astrini finaliza, em depoimento ao G1: “Em Glasgow, o governo montou um enorme espaço para vender a ilusão de que tem compromisso ambiental. Mas, para o mundo, o que interessa não são os metros quadrados do stand brasileiro , e sim os quilômetros de floresta que são destruídas todos os dias”.

Leia também:
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Com informações do Inpe, Observatório do Clima e G1

Foto: Marcos Vergueiro/Secom MT (Coliniza/MT)

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