Nós, o verão, os mosquitos e a natureza

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Com o verão, quando os dias ficam mais longos e mais quentes e chuvosos, já é possível notar (e sentir) o aumento dos mosquitos em nossas casas e nos ambientes externos, nos parques, nas praças e nos jardins. Além do desconforto da sua picada, esses mosquitos também podem transmitir doenças que, em algumas cidades, se transformam em epidemias.

É imprescindível, portanto, tomar as precauções necessárias para garantir o bem-estar e, ao mesmo tempo, não diminuir as oportunidades de estar do lado de fora, na natureza, com as crianças. Sim… porque, enquanto os tatus-bolinha, as joaninhas, as lagartas e as borboletas encantam crianças e adultos, os mosquitos e pernilongos incomodam podem, até, gerar medo ou pânico já que, em alguns casos, espalham doenças. Mas não podemos esquecer que eles fazem parte dos ecossistemas naturais tanto quanto os demais insetos.

Quando a população dos mosquitos cresce muito, é mais provável que o ambiente esteja lhes sendo favorável, facilitando sua reprodução. Isso significa basicamente que há água parada em abundância, local de reprodução desses insetos. Ela pode estar em lagos, poças ou em pequenos potes e pratinhos que ficam na base de vasos com plantas. Para solucionar o problema, é fundamental cuidar para que esses pequenos recipientes com água sejam esvaziados, em qualquer lugar. E observar bem o entorno, em qualquer situação.

Outro cuidado no que diz respeito ao ambiente é colocar telas nas janelas e portas, e instalar mosquiteiros nas camas. Os mosquitos costumam fazer suas visitas bem cedinho, logo após o nascer do sol, e no final do dia. Com essas proteções, a chance de ter sua companhia dentro de casa é reduzida.

Mas vamos voltar aos ambientes externos, como parques e praças nos quais podemos estar com as crianças. Aqui, a prevenção contra picadas pode ser feita de diversas maneiras:
– usar roupas com mangas comprida e calçados. Sabemos o quanto é difícil esta solução no calor, já que nosso desejo é nos libertar de roupas, sapatos… sempre que possível);
– usar roupas claras porque os mosquitos se sentem atraídos pelas roupas escuras ou estampadas e
– usar repelentes nas partes expostas. Mas, que tipo de repelente usar? Qual o mais eficaz?

Os repelentes químicos, industrializados, são muito eficazes, mas – como sabemos – altamente tóxicos. Além disso, a duração de cada aplicação é curta e esta precisa ser repetida ao longo do dia. Mas, em geral, repelentes químicos não devem ser aplicados nas crianças mais do que três vezes ao dia já que podem provocar irritação na pele, alergia e intoxicação. Outro cuidado fundamental em relação a esse tipo de repelente diz respeito à embalagem spray: nunca o use para aplicar o produto diretamente na pele; melhor colocar um pouco na mão para, depois, espalhar pelo corpo. Assim, evita-se o perigo de intoxicação pela aspiração, ainda mais com as crianças.

Mas, se são tão tóxicos e com efeito que dura relativamente tão pouco – não mais do que uma hora! – por que usá-los? Não seria melhor pensar em alternativas menos tóxicas e também eficazes?

Segundo a dermatologista e pediatra Ana Mósca, criar barreiras físicas a base de óleo ajuda muito a evitar o contato do mosquito com a pele. Ela recomenda óleo de soja a 2% ou óleos minerais como óleo de capim limão, óleo de eucalipto limão ou qualquer outro.

Já a terapeuta corporal Jorene Ferro, especialista em aromaterapia, prefere os óleos vegetais – “porque os minerais não têm tanta sinergia com a pele, principalmente das crianças” – como os de coco, semente de uva e abacate. E todos estes são boas bases para você criar seu próprio repelente. Ela dá a receita: 50 ml de qualquer um desses óleos + 50 gotas de óleo de citronela e 10 gotas de óleo de menta peperita. “Uso essa composição, que deixa a pele muito macia, e nenhum mosquito chega perto. A menta refresca e deixa o óleo ainda mais gostoso”, garante.

Pra quem não sabe por onde começar, indicamos a WNF, fabricante brasileira de óleos essenciais muito conceituada, que vende os óleos indicados e ainda vende um repelente natural pronto, para o corpo, Citrojely. Nessa linha, está também o óleo de Neem, que funciona muito bem e também não é tóxico, o que nos deixa mais tranquilas em relação ao efeitos na saúde dos pequenos. Com um detalhe, válido para todos os repelentes: precisam ser reaplicados com frequência.

Por fim, anote também a receita caseira, bastante simples e eficaz, recomendada pelo Corpo de Bombeiros, em São Paulo, feita a base de álcool, óleo e cravo da índia. Colocar 30 gramas de Cravo da Índia em 500 ml de álcool de cereais (é o ideal mas pode também ser feito com o álcool comum) e deixar interagir por 4 dias. Nesse período você deve chacoalhar a solução duas vezes por dia para que o princípio ativo do cravo possa se soltar. Após esse período coar e misturar com o óleo de sua preferência (pode ser óleo de amêndoas, de semente de uva, de abacate etc). Você pode passar esse repelente natural quando estiver em casa ou fora dela, e carregar um vidrinho na bolsa para usar em qualquer lugar.

Assim, em vez de evitar o contato com a natureza por causa dos mosquitos, impeça que eles atrapalhem seu programa. O verão é uma oportunidade linda para que todos se abram e se exponham ainda mais, de corpo e alma, no contato com o mundo natural, aproveitando a benção que é morar “em um país tropical… abençoado por Deus e bonito por natureza”, como canta Jorge Benjor desde os anos 70!!!!

Foto: Umblessed Scalar/Creative Commoons/Flickr

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Ana Carolina Thomé e Rita Mendonça

Ana Carolina é pedagoga, especialista em psicomotricidade e educação lúdica, e trabalha com primeira infância. Rita é bióloga e socióloga, ministra cursos, vivências e palestras para aproximar crianças e adultos da natureza. Quando se conheceram, em 2014, criaram o projeto "Ser Criança é Natural" para desenvolver atividades com o público. Neste blog, mostram como transformar a convivência com os pequenos em momentos inesquecíveis.