Museu da Empatia: um lindo convite para ver o mundo com outros olhos

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Atualizado em 3/1/2016

Julgar, criticar, condenar, ficar magoado. Tudo isso é muito fácil de fazer e sentir. Na verdade, a gente nem pensa muito para agir assim, não é? Mas você já se colocou no lugar de outra pessoa, em uma situação delicada, pra tentar sentir o que ela sente e ver o mundo de uma outra perspectiva? Não existe melhor forma de evitar injustiças ou ações das quais podemos nos arrepender mais tarde.

É este o convite – ver o mundo de outra perspectiva, se colocando no lugar dos outros – do pensador cultural Roman Krznaric com seu Museu da Empatia, inaugurado em Londres no início de setembro de 2015, como parte do Thames Festival, que oferece anualmente inúmeras atrações na capital inglesa. “Acredito que a empatia é uma ferramenta poderosa para a mudança social radical e deve ser uma luz para a arte de viver”, diz Krznaric em seu site A Revolução da Empatia.

Seu objetivo com este movimento – que ganhou mais impulso com o museu – é provocar a habilidade da empatia em seus visitantes e, assim, criar uma revolução global das relações humanas. Por isso, a exposição – que ficou nos jardins do Southbank até 27 de setembro, viajará o mundo. A ideia é colher histórias por onde passar e criar um grande acervo que deverá ser apresentado, em nova exposição em Londres, em setembro de 2016.

Este ano, o Museu da Empatia começa sua “peregrinação” pela Austrália, de 8 de fevereiro a 6 de março, durante o Perth International Arts Festival. Nesse evento, no dia 18, Krznaric, seu idealizador,  participará do Perth Writers Festival.

A medida que o Museu definir novos lugares por onde passará, atualizarei este post, mas você já pode pesquisar a respeito da iniciativa no site do projeto. Lá há informações minuciosas sobre a exposição com áudios (via SoundCloud) de algumas das gravações apresentadas na exposição em Londres, além de ótimos vídeos que explicam o movimento ou a sua falta no mundo desde os primórdios (reproduzo este último no final do post). E mais: uma biblioteca fantástica com comentários e avaliações de centenas de livros (infantis, inclusive) e filmes (dos clássicos aos documentários) sobre o tema. Nela, você também pode experimentar ser uma criança em Teerã, um cego ou um soldado lutando na guerra, entre outros personagens reais. Você pode fazer viagens “a mundos desconhecidos”, como diz o site.

“Nos seus sapatos”

A visita ao Museu da Empatia começa de forma incrível, com uma grande caixa de sapatos (foto que abre este post) que exibe vários pares à sua escolha: sapatos fechados ou abertos, com salto ou sem salto, tênis, sandálias, todos usados. Ao lado de cada um, um ipod Shuffle.

Você escolhe o estilo e o tamanho do calçado – mas pode pedir para os monitores ajudarem nessa tarefa – e leva o ipod também: nele, o/a dono/a dos sapatos conta sua história ou um episódio importante de sua vida. A caminhada dura pouco mais de um quilômetro e, durante o percurso, você mergulha numa outra visão de mundo e tem uma oportunidade única de se emocionar e experimentar a empatia.

Deve ser impossível sair dessa experiência como entrou. Ela faz uma alusão literal à expressão inglesa “in your shoes”, ou “nos seus sapatos”. Traduzindo: “no seu lugar”.  Lindo, não?

Mais empatia, mundo melhor

Empatia é um conceito muito popular hoje. Muito mais do que em qualquer outro tempo. Está na boca de muita gente, incluindo a de alguns líderes mundiais como Dalai Lama e o presidente americano Barack Obama, como também nas palestras e livros de especialistas em felicidade (!) ou gurus de negócios. Você pode já ter ouvido seu vizinho comentar no elevador, até.

A ciência – mais precisamente a Neurociência – investiga os efeitos da empatia há um bom tempo e já chegou à conclusão de que 98% das pessoas têm capacidade para desenvolver esse sentimento, mas pouquíssimos conseguem manifestá-lo ou alcançar seu potencial por completo.

Com o individualismo exacerbado, a capacidade de praticar a empatia se perde ainda mais. Pode parecer que não há motivo para apreciar os outros e pontos de vista diferentes dos nossos, o que só gera cada vez mais preconceito, conflitos e desigualdade. Ou seja, a empatia – quase irmã do altruísmo – é o antídoto de que precisamos para acabar com o ritmo que vivemos. É uma das chaves que pode abrir as portas para uma vida melhor e, consequentemente, um mundo melhor.

Você ainda não clicou no site do museu? E o que está esperando? Boa viagem!

Se quiser saber um pouco mais, aqui, assista ao vídeo que traduz como a falta e a presença da empatia têm se manifestado pelo mundo em uma ilustração muito animada:

Foto: Divulgação 

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.