Contamos a triste história de Bonita aqui no Conexão Planeta, em 2018. Em maio daquele ano, a muriqui-do-norte, foi encontrada, completamente sozinha, em um pequeno fragmento de floresta, no entorno do Parque Nacional do Caparaó, localizado na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Acredita-se que a macaquinha tenha deixado sua família para encontrar um novo grupo da espécie, comportamento natural dos muriquis quando atingem certa idade. Entretanto, ela acabou ficando presa em uma área isolada, o que restou do que antes teria sido uma floresta, mas que foi desmatada.
Nos últimos dez anos, Bonita vive em um espaço do tamanho aproximado de um campo de futebol, cercado por pastagens e plantações de café.
Segundo especialistas, como os muriquis dificilmente se movimentam pelo chão, pois sempre usam as copas das árvores para se locomover, jamais ela conseguiria sair dali por conta própria.
Mas graças aos esforços de várias organizações, em breve, muito em breve, Bonita ganhará uma nova família e poderá abraçar novamente outros muriquis, um comportamento tão característico da espécie.
Desde 2018 a muriqui-do-norte está sendo monitorada pela equipe do Projeto Muriquis do Caparaó, que estudou o padrão de atividades dela, além de fazer coletas para análises genéticas e parasitológicas.
Paralelo a isso, foram elaborados projetos foram para submissão ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente, responsável por autorizar a translocação – a transferência ou reintrodução de qualquer animal silvestre no Brasil de um local para outro.
Projeto aprovado, agora com a importante parceria do Muriqui Instituto de Biodiversidade, Bonita será capturada e levada para um novo lar, com a presença de outros muriquis.
A operação contará com a presença de muitos profissionais, veterinários, biólogos, escaladores, dentre outros. A macaquinha será sedada e ficará em quarentena durante um período inicial, para depois, finalmente, se juntar ao novo grupo.
Estima-se que atualmente restem menos de 900 muriquis-do-norte, espécie endêmica da Mata Atlântica, ou seja, só existe ali e em nenhum outro lugar do mundo. Esses indivíduos estão distribuídos em pouco mais de dez pequenos grupos. A espécie é considerada criticamente ameaçada de extinção.
Além dos impactos da destruição e fragmentação de seu habitat e da perda da diversidade genética, os muriquis-do-norte sofreram também um declínio populacional devido ao último surto de febre amarela, que ocorreu entre 2016 e 2017.
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Foto: divulgação Projeto Muriquis do Caparaó
Tomara não demore, filha, pra você se juntar à sua galera e tomara a turma a receba de braços abertos pra você descobrir que a vida será bela pra você, Bonita.