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Multidão se revolta contra caso de racismo no metrô de SP: mulher pediu que passageira negra “cuidasse com cabelo, que poderia passar alguma doença”

Multidão se revolta contra caso de racismo no metrô de SP: mulher pediu que passageira negra "cuidasse com cabelo, que poderia passar alguma doença"

Centenas de passageiros que passavam pela estação Ana Rosa do metrô de São Paulo, no bairro da Vila Mariana, na zona sul da capital paulista, no final da segunda-feira (02/05) se indignaram contra um caso de racismo. A auxiliar administrativa Welica Ribeiro, que é negra, estava dentro de um vagão com o irmão e o pai, quando uma mulher branca, sentada bem próximo, pediu que ela “tomasse cuidado com o cabelo… porque poderia passar alguma doença”.

Consternada, Welica rebateu o comentário da mulher e seu irmão, Jonatan Ribeiro, começou a gravar a discussão com o celular. Os dois decidiram então chamar a polícia para denunciar o ato de racismo.

Mas a situação provocou uma revolta e uma comoção tão grande entre as demais pessoas presentes no local que elas decidiram impedir que a mulher deixasse a estação até que a polícia chegasse. Além disso, começaram a gritar “Racista, racista, racista!” (assista ao vídeo mais abaixo).

A mulher precisou ser escoltada por policiais militares para ser encaminhada até a delegacia, onde Welica Ribeiro registrou um boletim de ocorrência.

Segundo a reportagem do portal de notícias G1, a mulher que ofendeu Welica se apresentou como Agnes Vajda e ela seria funcionária do Consulado da Hungria em São Paulo.

“As pessoas precisam entender que precisamos ser respeitados não por sermos negros, mas por sermos seres humanos”, disse Welica à equipe de jornalismo da Rede Globo.

“A minha luta é pelo seguinte: não é pelo dinheiro, que a gente quer correr atrás de dinheiro, para ter dinheiro porque aconteceu isso. Não. A gente não quer, a gente trabalha, a gente é honesto. O que a gente está querendo é que essa mulher tem que pagar o preço. E não pela minha irmã, não, que foi a vítima. Não é pelos meus pais, que têm 70 anos, e estavam com a gente, e sofreram isso também, não. É pelo Brasil. É questão de honra, de humanidade”, desabafou Jonatan, bastante emocionado na porta da delegacia.

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso de injúria racial.

Vale lembrar que no final do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o crime de injúria racial pode ser equiparado ao de racismo e, portanto, considerado imprescritível e inafiançável. Isso quer dizer que a punição não caduca e pode se dar a qualquer momento e que não há dinheiro que possa inocentar o autor da injúria.

Na definição do Código Penal, injuria racial é a ofensa à dignidade ou ao decoro, durante a qual uma pessoa se utiliza de palavra depreciativa referente à raça e cor, com a intenção clara de ofender a honra de outra.

Previsto em lei (7.716/1989), o crime de racismo é aplicado nos casos em que a ofensa discriminatória se dá contra um grupo ou coletividade, como quando se impede negros de acessar ou permanecer em um estabelecimento público, por exemplo.

Denuncie o racismo

Se você for vítima ou presenciar algum ato de racismo, aprenda aqui o que fazer para denunciar. Em algumas capitais, como Rio e São Paulo, é possível prestar queixa em lugares especializados, como a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. Em outros estados, a denúncia pode ser feita em qualquer delegacia. 

Há também o Disque 100, serviço do governo federal para receber denúncias de violações aos direitos humanos.

Já para casos de discriminação ou injúria racial em sites da internet ou nas redes sociais, deve-se copiar o link da página, dar um print-screen na mesma (inclusive no perfil do usuários, nos comentários e nas imagens) e com este material em mãos, ir à delegacia prestar queixa.

*Texto atualizado às 16h

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Imagem de abertura: reprodução reportagem TV Globo e vídeo Diário do Nordeste

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