Mélodie Cauffet tinha apenas 25 anos. Estava fazendo uma trilha com um amigo na região rural de Cassaniouze, Cantal, na França, no último sábado (25/02). Mas aproximadamente às 3h da tarde ela foi atingida por uma bala perdida. A jovem ainda foi socorrida, mas acabou morrendo no hospital. A bala tinha vindo da arma de uma caçadora de javalis selvagens, que tinha apenas 17 anos. A morte trágica da francesa reacendeu o debate sobre a imposição de regras mais rígidas sobre a “caça esportiva” na França. E também, o protesto de grupos que são contra essa atividade naquele país.
A adolescente responsável pela morte tinha tirado a licença para a caça com 16 anos. Participava da atividade com um grupo. Segundo a imprensa local, após saber da morte de Mélodie, ela foi levada em estado de choque para um hospital.
A França é o país com o maior número de caçadores licenciados da Europa. E tem leis que permitem a matança de animais, como o javali, veado e aves, durante todos os dias da semana na temporada da caça – incluindo finais de semana e feriados.
Apesar de os locais onde a caça é permitida terem sinalização, de acordo com dados divulgados pelo jornal Le Monde, foram registrados 3.325 acidentes envolvendo caçadores franceses desde o ano 2000, que resultaram na morte de 421 pessoas, a maioria delas ciclistas ou pessoas que estavam apenas caminhando ou se exercitando em áreas de florestas.
A morte de Mélodie é mais uma para aumentar estas estatísticas. No final do ano passado, um motorista de 67 anos também foi atingido por uma bala vinda de um caçador quando dirigia seu carro. O homem morreu.
Todavia, para não perder fotos com os eleitores das áreas rurais, os políticos têm defendido a caça como uma tradição centenária da França.
No Brasil, há pelo menos 12 projetos a favor da caça que tramitam no Congresso Nacional. Começando pelo PL 5544/2020, que propõe a liberação da caça esportiva de animais silvestres e ameaça diversas espécies, algumas em risco de extinção. Em dezembro, os opositores de mais esse absurdo conseguiram tirar da pauta da Câmara dos Deputados a proposta, que que atende apenas aos interesses de colecionadores, atiradores esportivos, caçadores e a indústria de armas.
Numa enquete pública do site da Câmara dos Deputados, 97% dos participantes afirmaram ser contra o projeto de lei.
Em 2019, uma pesquisa encomendada pelo WWF Brasil ao Ibope apontou que 93% dos brasileiros é contra a caça de animais silvestres.
Se você também é contra liberar a caça no Brasil, assine já este abaixo-assinado do movimento Todos contra a Caça – que reúne “cidadãos e instituições da sociedade civil e já tem mais de 1,3 milhão de assinaturas.
*Com informações dos jornais The Guardian e The Connexion French
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