No final de agosto a equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação no Antropoceno (ECOA LAB) da Universidade Federal de Alagoas esteve no litoral do município de Maragogi fazendo uma avaliação da condição dos recifes de corais da região. Infelizmente, foi encontrado ali um cenário devastador. Por causa de um evento de branqueamento, mais de 90% dos corais estavam mortos. Segundo os pesquisadores, essa taxa de mortalidade registrada é algo sem precedentes no litoral alagoano.
O fenômeno de branqueamento é causado pelo aumento da temperatura da água do mar. Os corais perdem as algas (chamadas zooxantelas) que lhes dão cor e das quais eles dependem para se alimentar. Como resultado, eles ficam brancos e muitas vezes, acabam morrendo.
“Os corais são o coração dos oceanos, fornecendo abrigo e alimento para inúmeras espécies marinhas. Com sua morte, a biodiversidade marinha é afetada, impactando diretamente a pesca, o turismo e até mesmo a proteção da linha de costa contra tempestades e erosões. Quando os corais morrem, os ecossistemas marinhos enfraquecem — e nós, humanos, também sentimos o impacto”, explicou o ECOA LAB em suas redes sociais.
Em março deste ano, a temperatura da água no litoral de Alagoas chegou a 34oC, enquanto o Coral Reef Watch, braço da Agência de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), anunciava oficialmente que o planeta enfrentava um quarto evento global de branqueamento de corais. Na época, a entidade declarou que, de fevereiro de 2023 a abril de 2024, foi documentado um evento significativo tanto no Hemisfério Norte, como no Sul.
Especialistas explicam que quanto menor o intervalo entre as grandes ondas de calor oceânicas, causadas pelo aquecimento global, menor a chance de recuperação dos corais. O mais recente evento global de branqueamento é o segundo nos últimos dez anos. O primeiro deles foi observado em 1998.
Segundo a NOAA, desde o ano passado foram branqueamentos em recifes de 53 países, em locais como a Flórida (EUA), Caribe, México, Costa Rica, Panamá, Colômbia e Brasil, até o Mar Vermelho, ilhas do Pacífico e Golfo Pérsico.
“Para lidar com este problema complexo, temos que agir global e localmente. Aqui em Alagoas estamos articulando parcerias com diversos setores, como a academia, o estado e ONGs para tentar implementar um projeto de monitoramento, restauração dos corais e geração de renda por meio do turismo sustentável“, diz a ECOA LAB.
——————
Acompanhe o Conexão Planeta também pelo WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Leia também:
Pesquisadores brasileiros geram primeiro coral de proveta do país: objetivo é contribuir para preservação de recifes na costa brasileira
Construção de torre em área de corais no Taiti para provas de surfe nas Olimpíadas gera críticas
Mapeado o maior recife de corais de águas profundas do mundo
Foto de abertura: divulgação Universidade Federal de Alagoas