Após uma avaliação detalhada dos recifes de corais das regiões de Guarajuba, Itacimirim, Praia do Forte e Abaí, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) divulgaram um estudo ontem (25/11) em que afirmam que a contaminação provocada pelo vazamento de óleo no litoral nordestino acelerou o ritmo da morte desses organismos em mais de dez vezes.
A pesquisa liderada pelo professor Francisco Kelmo, diretor do Instituto de Biologia da UFBA, comparou dados de abril deste ano com aqueles apurados em outubro último, após o derramamento de petróleo nas praias do Nordeste.
De acordo com o levantamento, a chamada taxa de “branqueamento” dos corais, que normalmente atinge entre 5% e 6% dos organismos por ano, está em 52% nos recifes baianos. O estudo indicou ainda que houve uma redução de 66% na vida marinha que vive nesses ecossistemas, como moluscos, caranguejos, siris e estrelas-do-mar.
No começo do ano, análises indicavam a presença de cerca de 88 espécies vivendo nesses recifes de corais. Em outubro, este número caiu para 47, revelou a pesquisa.
“Após o aparecimento das manchas de óleo, houve perda de patrimônio natural: redução no número de animais, redução da diversidade de animais e aumento das doenças/mortalidade nos corais. (A contaminação) compromete a cadeia alimentar, causa desequilíbrio ecológico e precisa ser monitorada pelos próximos seis meses”, alertaram os biólogos no estudo.
Segundo Francisco Kelmo, o impacto foi ainda pior porque as manchas de óleo interferem diretamente na reprodução dos animais, que ocorre entre o fim de setembro e fevereiro.
Apesar de recifes representaram menos de 0,1% da vida marinha, eles são importantíssimos para a sobrevivência de quase 25% das espécies que habitam o mar.
*Com informações do portal de notícias UOL e G1 Bahia
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Fotos: divulgação Projeto Conservação Recifal