‘Moeda da Igualdade’ é lançada no Canadá para celebrar 50 anos da descriminalização da homossexualidade no país

Foi em 1969 que Pierre Trudeau – pai do atual primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau -, então ministro da Justiça do governo canadense atendeu a sociedade e criou a lei que condena a criminalização de qualquer relação entre pessoas do mesmo gênero. Ele foi responsável pela introdução de alterações no código penal, que trouxeram a visão de que “o que é feito em privado entre adultos não diz respeito ao código penal ou ao governo”.

Isso não significa que o preconceito tenha sido banido completamente – ainda mais porque novas formas de estar e ser no mundo vieram à tona -, mas ajudou um bocado a avançar em políticas públicas que garantam direitos às pessoas LGBTQ.

Durante evento realizado em um centro comunitário de Toronto, em 23/4, que foi transmitido ao vivo pelo Facebook, o Ministro das Finanças do país., Bill Morneau, salientou que, “nos últimos 50 anos, os canadenses lutaram pelo seu direito de amar, casar, começar uma família e viver abertamente com seus ‘eus’ mais autênticos. A Moeda da Igualdade reconhece as conquistas até aqui e nos incentiva a construir um Canadá melhor e mais inclusivo porque, como a própria moeda, quanto mais igualdade tivermos, mais ricos todos nós seremos”.

O assessor do primeiro ministro sobre questões LGBTQ, Randy Boissonault, acrescentou que o lançamento oferece “uma oportunidade para refletir sobre um momento marcante da história do país, e uma lembrança do progresso que ainda será feito enquanto trabalhamos, cada vez mais, em direção à inclusão e à igualdade para todos os canadenses”.

No mesmo encontro, a presidente da Royal Canadian Mint – a casa da moeda canadense -, Marie Lemay, salientou que a instituição “tem um papel importante na celebração da cultura, da história e dos valores do Canadá através da cunhagem de moedas”, disse Marie Lemay.

O lançamento foi celebrado por boa parte da comunidade LGBTQ, mas também recebeu críticas. Para alguns historiadores e ativistas, não há motivo para celebração. Eles criticaram a criação da moeda e a consideram como um mito de que a igualdade LGBT é resultado das decisões do governo federal e que a comunidade continua a enfrentar a desigualdade no país.

Vale lembrar que, em 12 de abril, um grupo conservador protestou no Royal Canadian Mint, em Ottawa, contra a nova moeda e criou uma petição online para derruba-la.

A Moeda de Igualdade

O design da nova moeda – aprovado pelo governo de Justin Trudeau em dezembro de 2018 – foi criado por Joe Average, artista de Vancouver que apoia comunidades LGBT e com HIV ao longo de sua carreira. Apresenta a sobreposição de dois rostos estilizados acompanhados pelas palavras Equality e Égalité e as datas 1969 e 2019 para assinalar os 50 anos da entrada em vigor das leis que descriminalizam a homossexualidade no país.

A intenção de Average é de que os rostos reflitam a fluidez e o espetro de gêneros, que podem pertencer a dois indivíduos ou representar diferentes aspectos da mesma identidade, deixando espaço para diversas interpretações.

A Moeda da Igualdade vale um dólar canadense (cerca de 65 cêntimos em euros) e tem edição limitada a três milhões de unidades, que entrarão em circulação por meio de bolsas de moedas públicas no Canadá. Também foi cunhada uma edição especial de colecionador, feita em prata pura e com design colorido, limitada a 15 mil moedas.

No “avesso” das duas versões está o perfil da Rainha Isabel II, utilizada nas moedas do Canadá desde 2003.

Fotos: Royal Canadian Mint

Deixe uma resposta

Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.