Marcha pela Ciência mobiliza milhares de pessoas em mais de 500 cidades pelo mundo. Até debaixo d’água!


A ideia de realizar uma Marcha pela Ciência partiu de pesquisadores e estudantes nos Estados Unidos, assim que o governo Trump anunciou redução dos investimentos à pesquisa científica. Não só: a mobilização também repudia os entraves à Agência de Proteção Ambiental e o ceticismo quanto às mudanças climáticas e o aquecimento global propagado pelo novo presidente, que chegou a dizer que a alteração do clima é uma farsa e que só atrasa o crescimento econômico do país (na próxima semana, os conselheiros do governo americano devem se reunir para decidir se o país honrará ou não o Acordo de Paris, que visa reduzir emissões de gases de efeito estufa e foi assinado por 190 países).

Não demorou muito para que pesquisadores pelo mundo afora se identificassem com a decisão dos colegas norte-americanos e aderissem à mobilização. No Brasil, cientistas já tinham inúmeros motivos para marchar contra o retrocesso anunciado pelo governo Temer – assim que assumiu, rebaixou o Ministério de Ciência e Tecnologia, fundindo-o com o das Comunicações – e pelos governos estaduais. Os cortes nos investimentos públicos em ciência e tecnologia foram brutais. Vinte e cinco cidades confirmaram participação, entre elas, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Salvador, Fortaleza, Natal, Curitiba e Florianópolis. E tiveram o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). E ainda foi criada uma petição online pela Marcha pela Ciência de São Paulo.

Assim, no Dia da Terra, 22/4, milhares de pessoas foram às ruas para protestar. A iniciativa mundial, porém, foi além da manifestação contra governos: pesquisadores aproveitaram a oportunidade para se aproximar das pessoas, da sociedade, procurando conscientizá-las sobre o papel vital da ciência em suas vidas. A julgar pela participação popular, parece que este objetivo foi alcançado e pode reverberar ainda mais. E foi uma boa oportunidade também para falar da urgência em lutar pela conservação do meio ambiente.

O primeiro país a protestar foi a Austrália. Ainda no sábado pela manhã, as cidades de Washington (certamente a maior mobilização) e de Nova York, nos Estados Unidos, da Alemanha, Holanda, França, Áustria e Suíça deram início à marcha mundial.

A mobilização – em qualquer país – se declarou apartidária, mas há cientistas europeus que defendem a entrada de pesquisadores na política para defender seus direitos, o avanço das pesquisas e se aproximar dos cidadãos. No Brasil, é urgente procurar um caminho que moralize o sistema político, então, quem sabe aí está um deles.

A 1ª. Marcha pela Ciência certamente teve inspiração na Marcha pelas Mulheres, realizada em janeiro, e também nas mobilizações contra a política migratória de Trump. Que venham outras! E que as pessoas compreendam, cada vez mais, que é preciso manifestar sua revolta contra políticas antissociais e de retrocesso, que parecem ser uma tendência mundial.

Nas fotos abaixo, manifestações nas ruas da Alemanha, da Califórnia, do Brasil e também na Groenlândia e debaixo d’água.

Na Groenlândia, cientistas que estão vendo de perto os efeitos das mudanças climáticas, ,
no norte do Pacífico, participaram da Marcha pela Ciência

Cientistas do Atol das Ilhas Wale, no norte do Pacífico, mantida pelos EUA, participaram da Marcha pela Ciência a seu modo

Alemães em Marcha pela Ciência: nas fotos acima e abaixo

Os habitantes de San Diego, na Califórnia, EUA, também se uniram pela Ciência

San Francisco, também na Califórnia, não poderia ficar de fora da manifestação e engrossou o “coro” pela Ciência

Em Tubinga, na Alemanha, a insatisfação com o trato com a Ciência levou muitos às ruas

Brasilienses fizeram uma manifestação colorida, com balões, e se espalharam pelo gramado em frente à sede do governo.
Foto: Fátima Souza/Marcha pela Ciência/Facebook

Brasileiros de 25 cidades participaram da Marcha pela Ciência (acima e abaixo)
Foto Lilian Sagan/Marcha pela Ciência/Facebook

Fotos das páginas da March for Science, da Marcha pela Ciência de São Paulo, Santa Catarina no Facebook e também do Flickr March for Science/Germany

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.