Para garantir seu equilíbrio ambiental, a manutenção de estoques da pesca e também ampliar a geração de trabalho e renda por meio do ecoturismo, há mais de seis nos se discute a ampliação do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Ele cobre apenas 1,8% do maior banco de corais do Atlântico Sul – refúgio da biodiversidade marinha – o Banco de Abrolhos -, que abriga espécies endêmicas, ameaçadas, vulneráveis e em recuperação, como a baleia-jubarte.
Dá pra entender a urgência desse projeto? Mas, se depender do movimento iniciado por algumas instituições ambientais brasileiras, sua aprovação pode não estar tão longe.
No inicio deste mês, o parque ganhou uma linda campanha – #MaisAbrolhos – durante o IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), realizado em Florianópolis pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. O movimento recebeu o apoio do Instituto Baleia Jubarte que obteve a adesão de outras instituições. E foi criada uma moção, aprovada por unanimidade, que logo deve ser encaminhada para a presidência da República, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
No final deste post, veja três memes da série criada para essa campanha. Se gostar e quiser participar desta mobilização, copie e divulgue em suas redes sociais. O Instituto Baleia Jubarte está engajada na divulgação da campanha em sua página no Facebook (Projeto Baleia Jubarte). Acompanhe e encontre outros memes bacanas. Toda mobilização é muito bem-vinda.
Vale ressaltar que, em oito edições do Congresso, “foram aprovadas e encaminhadas para os órgãos competentes 97 moções, como a de Apoio à criação do Parque Nacional da Gandarela, em Minas Gerais, e a de Apoio à ampliação do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, ambas com resultados positivos para a conservação’, como divulgado no site do evento.
A moção destaca que o Banco de Abrolhos, que ocupa área de quase 49 mil km2 (veja mapa abaixo), é “uma das regiões de maior importância para a conservação da biodiversidade marinha do Brasil e do Atlântico Sul“. E isso é reconhecido e reafirmado em todos os processos que avaliam áreas prioritárias para a preservação de espécies animais e vegetais em todo o território nacional.
Por tudo isso, é mesmo um absurdo que a aprovação do processo para ampliação do Parque de Abrolhos se arraste por quase uma década. Mas a nova campanha deve alterar esse cenário. Animado, Eduardo Camargo, presidente do Instituto Baleia Jubarte, comenta sobre ela:
“Várias instituições decidiram batalhar para que esse processo seja concluído ainda neste ano, com a realização das necessárias consultas públicas e encaminhamento de proposta de Decreto ao Presidente da República para efetivar essa ampliação. Estamos animados com o compromisso do presidente do ICMBio, Paulo Henrique Carneiro, assumido publicamente durante o IX CBUC, de realizar as consultas públicas logo após as eleições de outubro”. E completou: “Pretendemos colaborar com ele e o MMA para conscientizar a sociedade e os demais órgãos de governo de que essa ampliação é boa para todos, dos pescadores artesanais ao setor de turismo”.
Na luta pelos oceanos, ainda há muito a fazer
No mundo, existem mais de 15,3 mil áreas marinhas protegidas, que cobrem o equivalente a 7,2% da superfície total dos oceanos. Estes são dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Até 2020, somente no Brasil, estima-se que essa proteção será de, pelo menos, 10% dos mais de 8,5 milhões de quilômetros de litoral, levando-se em conta a meta 11 de Aichi estabelecida pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB-ONU) em 2010 (saiba o que são Metas de Aichi).
A campanha pelo Parque Nacional Marinho dos Abrolhos vai de encontro a essa estimativa, como explica Emerson Oliveira, coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário: “No início deste ano, superamos essa meta em termos quantitativos, mas não qualitativos. Ainda há muito o que fazer pelos oceanos brasileiros e a campanha de Abrolhos é mais um esforço que pode incentivar o cumprimento dessas metas”.
Não podemos esquecer que a região de Abrolhos também é importante campo de projetos de pesquisa, justamente por sua rica biodiversidade e necessidade de conservação. Hoje, a Fundação Grupo Boticário, por exemplo, apoia onze projetos nessa unidade de conservação, dos quais dois estão em andamento: um para proteger os corais e o outro, esponjas.
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Veja, agora, alguns dos memes criados para a campanha #MaisAbrolhos:
Fotos: Marcos Amend / Mapa: Divulgação