Mais de 350 praias já foram afetadas pelo óleo: visitação em Abrolhos é suspensa

Mais de 300 praias já foram afetadas pelo óleo: visitação em Abrolhos é suspensa

*Atualizado em 09/11/19

Pouco mais de dois meses do início do derramamento de óleo no litoral nordestino, números divulgados em 08/11, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), revelam a dimensão do impacto desse desastre ambiental: já são 427 localidades (praias) atingidas, em 105 municípios, dos nove estados da região.

E, infelizmente, um dos principais receios de ambientalistas e biólogos se concretizou na sexta-feira (01/11). O Ibama, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Marinha confirmaram que foram encontrados vestígios de petróleo no Parque Nacional Marinho de Abrolhos, ao sul da Bahia.

O arquipélago, composto por cinco ilhas, é habitat de algumas espécies de corais que só existem ali e em nenhum outro lugar do planeta. Além disso, ele possui a maior formação de recifes e o maior banco de biodiversidade marinha do Atlântico Sul.

Abrolhos abriga algumas das principais áreas-berçário de baleias jubarte, que migram para o local para se reproduzir.

Tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, como as de couro, cabeçuda, verde e de pente, também se refugiam no parque, assim como aves como a grazina e os atobás. Estima-se que o arquipélago seja habitat de aproximadamente 1.300 espécies.

Na semana passada, conforme noticiamos neste outro post, a organização Conservação Internacional – Brasil já havia informado que resíduos de óleo tinham sido observados nos municípios próximos a Abrolhos, nas praias da Reserva Extrativista de Canavieiras, em Belmonte e em Santa Cruz de Cabrália, e recolhidos por pescadores.

Todavia, o governo federal ainda negava a chegada do petróleo ao parque nacional. Mas na sexta, foi confirmada a detecção de pequenos fragmentos em Ponta da Baleia, no município de Caravelas, e também na Ilha de Santa Bárbara.

Abrolhos é fechado para visitação por causa do óleo

A administração do Parque Nacional Marinho de Abrolhos comunicou que, inicialmente, ele estaria fechado para visitação por três dias. Na terça (05/11), a data foi alterada para até 14 de novembro. A medida foi tomada para “possibilitar as atividades de prevenção, controle e remoção do óleo, além de minimizar riscos a saúde pública” e pode ser prorrogada, se necessário. Todavia, como foram encontrados poucos vestígios do óleo, ele já foi reaberto novamente.

Todo o entorno do arquipélago de Abrolhos está sendo monitorado por embarcações da Marinha para recolher possíveis manchas que apareçam. Os resíduos encontrados nas praias já foram recolhidos.

Mais de 300 praias já foram afetadas pelo óleo: visitação em Abrolhos é suspensa

Vista aérea de uma das ilhas de Abrolhos

Segundo o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado por representantes da Marinha, ANP e Ibama, os estados do Ceará, Rio Grande de Norte, Paraíba e Pernambuco estão com as praias limpas. Entretanto, as seguintes localidades permanecem com vestígios de óleo e com ações de limpeza em andamento: Maragogi, Japaratinga, Barra de São Miguel, Coruripe, Feliz Deserto e Piaçabuçu, em Alagoas; Artista, em Sergipe; Arembepe, Berlinque, Barra Grande, Cueira, Pratigi, Alcobaça, Mar Moreno e Piracanga, na Bahia.

Até o momento, foram coletadas aproximadamente 4 mil toneladas de resíduos de óleo das praias nordestinas.

*Texto alterado para atualizar o número de praias e municípios atingidos pelo óleo e também e a reabertura do Parque Nacional de Abrolhos.

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Fotos: divulgação Marinha do Brasil

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.