Mais de 28 mil espécies estão em risco de extinção, revela nova lista vermelha da IUCN

Mais de 28 mil espécies estão em risco de extinção, revela nova lista vermelha da IUCN

Ano a ano, o número aumenta. Em 2018, demos a mesma notícia quando foi realizada a atualização da Lista Vermelha, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que avalia as condições de sobrevivência de milhares de espécies de animais e plantas no planeta.

Todavia, no ano passado, eram 26.197 mil com o risco de serem extintas. Na lista divulgada ontem (18/07), o número passou para 28.338.

Na edição anterior, a IUCN tinha feito o monitoramento de 93.577 espécies. Este ano, a organização rompeu a barreira dos 100 mil e conseguiu analisar as condições de 105.732.

“Com mais de 100 mil espécies agora avaliadas, esta atualização mostra claramente o quanto os seres humanos em todo o mundo estão explorando a vida selvagem em demasia”, alertou Grether Aguilar, diretor-geral interino da IUCN.

“Devemos nos dar conta para o fato de que conservar a diversidade da natureza é de nosso interesse. Estados, empresas e sociedade civil devem agir com urgência para deter a superexploração do meio ambiente e devem respeitar e apoiar as comunidades locais e os povos indígenas no fortalecimento de meios de subsistência sustentáveis”, completou.

Entre as espécies que aparecem mais ameaçadas estão os primatas: sete delas estão bem próximas da extinção. Seis vivem na África Ocidental. 40% dos primatas em risco de desaparecer do planeta são encontrados nesta região e na África Central. Perda de habitat (desmatamento) e a caça pela carne desses animais são os principais responsáveis pelo declínio de suas populações.

Um dos macacos que passaram da categoria em ‘perigo’ para ‘criticamente em perigo’ foi o Cercopithecus roloway, que aparece na foto que abre este post. Endêmico da Costa do Marfim e Gana, ou seja, ele só é encontrado nesses dois lugares e em nenhum outro do mundo, acredita-se que haja menos de 2 mil indivíduos sobreviventes.

De acordo com a IUCN, seu tamanho corporal relativamente grande e o valor de sua carne e pele fizeram dele um alvo fácil para caçadores, levando a população a um nível precariamente baixo.

Outrora abundante no oeste da Nigéria até a fronteira entre o Gabão e o Congo, o mangabey vermelho-cercado (Cercocebus torquatus) também passou de ‘vulnerável’ para ‘ameaçado’.

Extinção em rios e oceanos

O novo levantamento da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza também joga luz sobre as ameaças à vida marinha e aqueles seres que habitam rios, lagos e lagoas.

As raias rinocerontes, chamadas assim por causa de seus focinhos alongados, são agora a família de peixes marinhos em maior risco de extinção. Todas menos uma, das 16 espécies, aparecem como ‘criticamente em perigo’.

A Rhynchorhina mauritaniensis, da Mauritânia, é outra que está muito próximo da extinção, tendo sofrido um declínio populacional de mais de 80% nos últimos 45 anos.

Mais de 28 mil espécies estão em risco de extinção, revela nova lista vermelha da IUCN

A raia rinoceronte está entre as espécies mais ameaçadas

Parentes dos tubarões, com algumas espécies tendo até 3 metros de comprimento, as raias rinocerontes vivem em águas rasas, dos oceanos Índico e Pacífico Ocidental até o Oceano Atlântico e Mar Mediterrâneo.

A pesca costeira, cada vez mais intensa e essencialmente desregulada, está a conduzir o seu declínio, com a maioria capturada incidentalmente com outros peixes. Sua carne é vendida localmente, enquanto as barbatanas são altamente valorizadas e comercializadas internacionalmente como sopa de barbatana de tubarão”, explicam os especialistas da IUCN.

O estudo ressalta ainda o perigo que correm espécies de água fresca do Japão e do México. Os principais fatores para esse declínio são a perda de rios de fluxo livre (leia mais sobre o assunto aqui) e o aumento da poluição agrícola e urbana, além da construção de barragens e represas e a presença de espécies exóticas invasoras.

O desparecimento desses peixes terá um grave impacto sobre comunidades locais, que dependem de sua pesca para geração de renda e subsistência.

Este ano, de todas as mais de 100 mil espécies monitoradas, nenhuma apresentou melhora em status o suficiente para movê-las para uma categoria de ameaça mais baixa na atualização da Lista Vermelha de 2019.

“A perda de espécies na natureza está crescendo em um ritmo sem precedentes na história da humanidade”, lamenta Jane Smart, diretora global do Grupo de Conservação de Biodiversidade da IUCN. “Os comércios nacional e internacional estão impulsionando o declínio de espécies nos oceanos, em água doce e em terra. É necessária uma ação decisiva em escala para deter esse declínio. O momento dessa avaliação é fundamental, pois os governos estão começando a negociar uma nova estrutura global de biodiversidade para essa ação”.

Lista Vermelha das Espécies em Extinção 2018

Número de espécies analisadas – 105.732
Número total de espécies ameaçadas – 28.338
Extintas – 873
Extintas na natureza – 73
Criticamente em perigo – 6.127
Em perigo – 9.754
Vulnerável – 12.457
Quase ameaçadas – 6.435

Entenda as siglas da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas

Extinto (EX): não existe mais nenhum indivíduo da espécie;

Extinto na natureza ( EW): todos os indivíduos vivos da espécie encontram-se em cativeiro, não sendo possível verificá-los em seu habitat;

Criticamente em perigo (CR): espécie apresenta chance extremamente elevada de entrar em extinção na natureza;

Em perigo (EN):  espécie possui grande chance de entrar em extinção na natureza;

Vulnerável (Vulnerable – VU): espécie tem chance de entrar em extinção na natureza;

Quase ameaçado (NT): espécie não está ameaçada, mas esforços devem ser realizados em prol de sua conservação;

Pouco preocupante (LC): espécie estudada não possui grandes riscos de entrar em extinção na natureza no momento;

Dados deficientes (DD): não existem dados suficientes que evidenciem o grau de conservação da espécie;

– Não avaliado (NE)

Fotos: divulgação IUCN

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.